Campanha da Monsanto é contestada pelo Idec e MP

O Ministério Público Federal e o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) entraram ontem na Justiça Federal de São Paulo com medida cautelar pedindo a suspensão da campanha institucional da Monsanto.

Na ação, o MP e o Idec argumentam que a empresa viola a legislação que restringe a publicidade sobre agrotóxico – a mesma lei também limita a propaganda de cigarros e medicamentos. Para o MP e o Idec, a Monsanto tem registro como empresa produtora de agrotóxico, o que, de acordo com a ação, obriga a empresa a seguir a restrição.

Na interpretação dos procuradores, a empresa poderia apenas veicular os comerciais e anúncios em meios de comunicação voltados para produtores rurais. Os procuradores dizem a campanha ” sugere um mundo ideal, em cuja construção a Monsanto participa, o que demonstra o caráter institucional da campanha ” .

Por intermédio de sua assessoria de imprensa, a Monsanto informou que não recebeu nenhuma notificação. Mas a empresa explicou que que a campanha institucional não faz propaganda de produto e alega que apenas divulga ” os benefícios que a biotecnologia pode oferecer, com base em fatos científicos comprovados ” .

É a primeira vez que a Monsanto – que vive uma polêmica com entidades de meio-ambientais e organizações não-governamentais em relação liberação do plantio de sementes de soja transgênica – desenvolve uma estratégia de marketing em larga escala no país. Ela já fez campanhas regionais em zonas produtoras de soja, com o objetivo de alertar para o uso de sementes contrabandeadas da Argentina. Um anúncio chegou a ser analisado pelo Conselho Nacional de Auto-Regulação Publicitária (Conar), que rejeitou o processo.

Com um orçamento de R$ 6 milhões, a campanha ” Imagine ” , feita pela agência Fischer America, entrou no ar em horário nobre pela televisão no início da semana passada. A previsão inicial é que os comerciais sejam veiculados na mídia eletrônica até o fim deste mês. Os investimentos também foram feitos na mídia impressa com a expectativa de que se estenda até o fim do primeiro trimestre de 2004.

No lançamento da campanha, o presidente da subsidiária brasileira, Rick Greubel, informou que a ação de marketing tem por objetivo ” desmitificar ” os transgênicos e difundir conhecimento sobre a nova tecnologia.