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Câmbio derruba rentabilidade em 30%

Ao longo dos últimos três anos, o real valorizou-se 37,1% em relação ao dólar, passando de R$ 3,08/US$, na média de 2003, para R$ 2,10. Enquanto isso, a rentabilidade das vendas ao exterior, medida pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), caiu 29,2% entre primeiro trimestre de 2003 e igual período de 2006.

Os dados constam no estudo “Os efeitos da valorização do real na indústria brasileira”, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado ontem. “A perda da rentabilidade poderia ter sido ainda maior, não fosse o aumento em 32,7% nos preços médios dos bens exportados nestes três anos”, diz a entidade. A CNI enumera minério de ferro, produtos metalúrgicos, derivados de petróleo, açúcar e café entre as commodities que tiveram seus preços elevados em mais de 25% em 2005, o que sustentou o aumento da receita de exportação.

Na apresentação do trabalho, a CNI ressalta que a valorização do real está restringindo a elevação das exportações, em especial dos manufaturados. “O volume exportado pelo Brasil vem perdendo ritmo há mais de um ano, apesar de mantido o vigor da demanda internacional.” Para o gerente-executivo da unidade de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, “o receio é de que isso comprometa o crescimento futuro das exportações e, portanto, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)”, ressalta.

Na avaliação da entidade, o Brasil não aproveita a possibilidade de melhorar sua inserção no mercado internacional neste momento de favorável incremento da demanda internacional. Em conseqüência, perde a oportunidade de verificar um crescimento mais expressivo da economia. “Na primeira metade desta década, as exportações foram os maiores contribuintes para o crescimento do PIB.”

A taxa de crescimento do quantum de produtos manufaturados exportados foi de 6,7% no primeiro trimestre de 2006, ante igual período de 2005. No primeiro trimestre do ano passado, as exportações cresceram 22,9%, na mesma base de comparação.

A receita com as vendas externas também estão em queda no primeiro trimestre de 2006. De janeiro a abril, a receita brasileira com exportações atingiu US$ 39,2 bilhões, o que significa um crescimento de 16,5% frente o mesmo período do ano anterior, mas abaixo do crescimento médio anual verificado em 2005 (25%) e de 2004 (32%). A CNI destaca que a redução do ritmo de vendas de produtos manufaturados foi ainda maior: as exportações cresceram 14,7% nos quatro primeiros meses de 2006, ante média de 23% em 2005.

Entre os setores industriais que apresentam perda de dinamismo nas exportações, estão dois dos três maiores exportadores: o de alimentos e bebidas, de metalurgia básica e de veículos automotores, sendo que apenas o último não apresentou queda no ritmo de vendas externas. No setor de alimentos, o crescimento das exportações caiu de 18,3% ao ano, em 2004, para 7,2%, em 2005. Na metalurgia, a redução foi de 23,2% para 7,9%.

Outros setores, como o de outros equipamentos de transporte, de madeira, de móveis e de vestuário, chegaram a apresentar queda na taxa de exportação. O setor de vestuário, por exemplo, que cresceu 1,2%, em 2004, teve redução nas exportações na ordem de 11,9% em 2005.

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