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Café e cana levam renda agrícola ao nível pré-crise

A dobradinha cana de açúcar/café vai garantir o crescimento da renda agrícola neste ano e a volta da receita do campo ao nível pré-crise. Entre grãos, algodão, café, cana e laranja, os produtores devem embolsar R$ 175,5 bilhões em 2010 com a venda da safra, nas contas da RC Consultores. Em 2009, a receita total foi de R$ 164,9 bilhões e, em 2008, de R$ 174,2 bilhões. Neste ano, a cana e o café, juntos, vão contribuir com R$ 10,1bilhões para o crescimento da receita. A cifra praticamente equivale à perda da renda do campo que ocorreu em 2009 por causa da crise. Ao contrário dos últimos anos em que os grãos, sustentados pela soja e o milho, foram os responsáveis pela expansão da receita agrícola, agora duas lavouras permanentes, a cana e o café, são as estrelas da safra.

“O ano será mais favorável às lavouras permanentes”, diz o sócio da consultoria e responsável pelas projeções, Fabio Silveira. Numa série iniciada em 1994, ele observa que o comportamento mais frequente da renda agrícola foi de expansão da receita com grãos e recuo das lavouras permanentes, aquelas que são plantadas uma única vez e colhidas durante muitos anos.

Em 2010, o quadro se inverteu. A renda projetada para a cana é de R$ 34,1 bilhões, com acréscimo de R$ 7,1 bilhões na comparação com 2009, segundo aponta o estudo da consultoria, considerando dados de produção do IBGE e preços no atacado pesquisados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para o café, a perspectiva é de que a receita atinja R$ 18,9 bilhões, com expansão de R$ 3 bilhões sobre o 2009. Enquanto isso, as rendas da soja e do milho devem encolher R$ 2,3 bilhões e R$ 1,3 bilhão, respectivamente.

A mudança no dinamismo da receita agrícola, da soja para a cana e o café, já tem impacto no comércio das cidades do interior. Em Ribeirão Preto, por exemplo, que fica no interior do Estado de São Paulo e é principal polo de produção de cana do País, o mercado imobiliário está a todo vapor. “Em dezembro, vendemos um loteamento de padrão médio com 310 terrenos em apenas oito horas”, conta André Lopes, diretor comercial do Grupo WTB incorporadora imobiliária. No mês passado, a empresa lançou um loteamento de alto padrão, com 180 terrenos, que custam em média R$ 200 mil cada, e já vendeu 80% do estoque.

Lopes conta que a maioria dos compradores estão ligados direta ou indiretamente aos negócios do açúcar e do álcool. O produtor de cana André Zaccherini, de 37 anos, dos quais 15 no setor sucroalcooleiro, conta que comprou nos últimos seis meses meia dúzia de lotes urbanos. “Vou construir num dos terrenos e os outros são para investimento”. Ele ressalta que fazia tempo que a cana de açúcar não tinha um ano tão favorável.

Marco Mattar, presidente da construtora Trisul, é outro empresário que atesta o bom desempenho do mercado imobiliário da região. Ele conta que, no fim de 2008, lançou dois prédios de apartamentos de alto padrão, na faixa R$ 500 mil. “Na crise, as vendas pararam, mas agora, com o impulso dado pela boa fase da cana, está quase tudo vendido.”

Luiz Feijó, diretor Comercial da New Holland, fabricante de tratores, diz que, no curto prazo, o mercado para tratores destinados às lavouras de cana é o que registra maior acréscimo no volume de vendas.

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