Mercado

Bush vê Brasil como exemplo em uso de combustíveis

POR CHRISTOPHER COOPER

E JOHN MCKINNON

THE WALL STREET JOURNAL

WASHINGTON — O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse, em entrevista exclusiva ao Wall Street Journal, que as montadoras americanas General Motors Corp. e Ford Motor Co., que enfrentam graves dificuldades financeiras, deveriam desenvolver “um produto relevante” em vez de pedir ajuda ao governo para cumprir onerosas obrigações previdenciárias. Bush também indicou que terá uma posição adversa se solicitado a socorrer as empresas.

Na entrevista, realizada no Salão Oval da Casa Branca, Bush, que se mostrou impressionado com o exemplo do Brasil no uso do álcool combustível, disse que embora seu governo tenha discutido o desenvolvimento de novas tecnologias de combustível com as duas maiores montadoras americanas — algo que poderia torná-las mais competitivas —, não houve discussões sobre as finanças delas. Ao ser perguntado se havia conversado com os presidentes da GM, Rick Wagoner, ou da Ford, William Clay Ford Jr., Bush respondeu: “Não sobre seus balanços financeiros.”

Ele acrescentou: “E não fui perguntado por nenhuma montadora sobre uma ajuda.” Bush concedeu a entrevista dois dias depois de a Ford anunciar um grande plano de demissões e fechamento de fábricas e num momento que há bastante especulação de que uma das empresas, ou até as duas, possa pedir concordata. Isso, por sua vez, alimentou rumores de que o governo americano acabaria sofrendo pressão para socorrer as empresas, como o governo do ex-presidente Jimmy Carter fez ao oferecer US$ 1,5 bilhão em garantias de empréstimos para a Chrysler Corp. em 1979.

Mas Bush disse pouco que sugira que as empresas devam procurar consolo nesse precedente, indicando que ele estará mais empenhado em oferecer auxílio federal aos trabalhadores dispensados. “Tenho estado muito relutante. Estou atento ao passado em que, num ponto da história, um dos meus antecessores enfrentou o mesmo dilema, de uma montadora americana não ir à falência”, disse Bush. “Espero que não peçam que eu tome essa decisão.”

Questionado sobre se ele acha que o governo deve tomar qualquer ação preventiva, ele respondeu: “Acho que é muito importante que o mercado funcione.”

Bush sugeriu que uma das formas de as montadores tornarem seus produtos mais atraentes é pela promoção de carros que usam combustíveis alternativos. “Uma das coisas que eu vou falar no pronunciamento sobre o Estado da União é a necessidade de o país continuar promovendo tecnologia para que nós possamos diversificar além dos hidrocarbonetos”, disse. Ele disse ter ficado impressionado com o exemplo do Brasil, onde combustíveis alternativos para carros, como o álcool fabricado da cana-deaçúcar, devem ajudar o país a alcançar a auto-suficiência energética este ano. Mas a proposta de Bush deve se concentrar em pesquisas financiadas pelo governo, em vez de novos incentivos fiscais para a compra de carros flex, por exemplo.

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