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Bush no Brasil

Depois de um retorno ao ultrapassado terceiro-mundismo, ao esvaziado diálogo Sul-Sul e uma aproximação com críticos dos EUA, como Hugo Chávez, a política externa brasileira tem uma grande chance para correções de rumo a partir da visita do presidente George W. Bush nos dias 8 e 9. Logo depois, no final do mês, será a vez de o presidente Lula ir a Washington.

A Casa Branca sinaliza sua disposição de reduzir a dependência energética de grandes produtores de petróleo problemáticos, como a Venezuela de Hugo Chávez e o Irã dos aiatolás. Esse é um dos motivos para a inclusão do Brasil no roteiro da viagem, que levará Bush ainda a Uruguai, Colômbia, Guatemala e México. E não a qualquer dos aliados de Chávez, como a Argentina de Kirchner, a Bolívia de Morales ou o Equador de Correa.

Num mundo assustado com o aquecimento global, os dois principais países das Américas têm grande interesse comum no etanol, do qual o Brasil é o maior produtor mundial e os EUA, os segundos.

Há dividendos econômicos e políticos advindos dessa cooperação que se prenuncia. De um lado, os EUA planejam reduzir o consumo de petróleo em 20% nos próximos dez anos, substituindo-o por energia renovável. De outro, o Brasil e suas empresas — detentores da mais avançada tecnologia para produção do álcool da cana — muito terão a ganhar com a disseminação do consumo do produto.

O Brasil, como líder da América do Sul, não pode deixar de prestigiar seus vizinhos. Mas foi açodado no apoio ao ingresso pleno da Venezuela no Mercosul, no momento em que Chávez desmonta, peça a peça, o arcabouço democrático de seu país, cuja integridade é condição básica para integrar o bloco.

Num contexto de retomada do desenvolvimento e de redirecionamento de esforços e recursos para resolver graves problemas sociais do país, não interessam ao Brasil divisões que tragam instabilidade política ao continente e/ou gastos numa corrida armamentista, objetivos que fazem parte dos planos de Hugo Chávez.

Não se defende adesão incondicional às posições americanas, e a diplomacia brasileira tem sido clara sobre esse ponto, inclusive com suas objeções à Alca nos termos propostos por Washington. Não podemos é, em nome de uma suposta “solidariedade a povos irmãos”, deixar de usar nossas vantagens comparativas em sinergias para negócios com a maior economia do mundo.

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