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Bunge prevê atingir capacidade total em cana em 2 anos

Após um salto na moagem de cana-de-açúcar projetada para a temporada 2012/13, a Bunge avalia que poderá atingir a sua capacidade total de processamento no Brasil em dois anos, disse o presidente da unidade brasileira da companhia norte-americana.

A gigante do agronegócio global, que está entre as cinco maiores do setor sucroalcooleiro no Brasil, tem capacidade de processar 21 milhões de toneladas e poderá, na melhor das hipóteses, moer 19 milhões de toneladas no ciclo atual, afirmou Pedro Parente em entrevista à Reuters.

Para isso, depende do clima, que prejudicou a moagem especialmente em junho, quando o tempo foi atipicamente chuvoso. Na pior das hipóteses, o processamento atingiria 17 milhões de toneladas em 12/13, mas ainda assim seria um crescimento de mais de 20 por cento ante a safra passada.

“Se chover muito, a gente não consegue processar como aconteceu em junho, a gente não vê isso (tempo chuvoso) agora. Mas ninguém se arrisca a fazer previsões de tempo com mais de uma semana à frente”, declarou ele.

Na temporada passada, a empresa processou 14 milhões de toneladas, num período em que o centro-sul do Brasil, a principal região produtora do país, sofreu a primeira redução de moagem em mais de uma década, com problemas climáticos e por conta de investimentos insuficientes nos canaviais após a crise de 2008.

O setor como um todo trabalha com elevada capacidade ociosa, que soma 150 milhões de toneladas, segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), para uma safra total de cana de cerca de 510 milhões de toneladas nesta temporada.

“O que posso dizer é que os nossos números são melhores que a média da indústria, o que esperamos é nos próximos dois anos possamos aproveitar toda a nossa capacidade instalada industrial. Mas isso é uma coisa que depende do clima, estamos trabalhando pra isso”, disse Parente, ex-ministro de Estado, que assumiu a presidência da Bunge em 2010.

A maior processadora de soja do Brasil fez sua primeira aquisição de uma usina de cana em 2007. Atualmente, a companhia conta com oito unidades no país, que incluem uma no Tocantins, uma nova fronteira agrícola, e vê os investimentos realizados sendo maturados.

Após uma queda expressiva na produtividade agrícola na safra passada, Parente, que é presidente do Conselho de Administração da Unica, acredita na possibilidade de uma retomada da produção no país na próxima temporada.

“Ano que vem, se não tivermos um choque climático, acho que podemos ter um ano bom em termos de produtividade”, disse Parente, ressaltando que a produtividade da Bunge está acima da do setor.

Futuro do etanol

Parente salientou que espera ver uma mudança na política de preços do etanol –e acredita que elas poderão ocorrer– para que o biocombustível volte a ser lucrativo e os investimentos no setor sejam retomados.

Atualmente, o consumo está em queda no Brasil e as usinas estão produzindo menos, uma vez que não compensa abastecer o carro, na maior parte do país, com o biocombustível, pois o preço da gasolina está praticamente inalterado na bomba há muitos anos.

“Hoje estamos produzindo etanol possivelmente com um resultado gravoso, que significa com margem negativa… mas vemos como uma questão conjuntural”, disse ele, observando que o governo já detectou o problema.

“Tenho sólidas razões para acreditar que o governo coincide com o diagnóstico, está trabalhando no tema, mas já trabalhei em governo e sei que as decisões não são tão simples.”

Segundo ele, diante da situação atual, o setor não fará “novos investimentos em greenfields (projetos novos)”.

Olhando o futuro do etanol, e não a situação atual, a Bunge deverá investir 2,5 bilhões de dólares no setor no país até 2016, na ampliação de capacidade industrial, produção de cana e renovação de canaviais, segundo plano anunciado no ano passado.

E com isso poderá elevar sua moagem para cerca de 30 milhões de toneladas.

Safra de grãos

A Bunge, que lidera no processamento de soja no Brasil, não divulga estimativas de produção, mas Parente disse que “concorda com previsões do mercado de que podemos ter uma safra muito boa no ano que vem”.

Caso o clima favoreça, o Brasil, com um plantio projetado para ser recorde em 2012/13, poderá superar os Estados Unidos como o maior produtor de soja do mundo, após as lavouras norte-americanas terem sido afetadas pela pior seca em mais de 50 anos.

O próprio governo dos EUA já fez tal previsão.

O presidente da Bunge, terceira exportadora do Brasil, atrás de Vale e Petrobras, avaliou ainda que, com a taxa de câmbio atual, houve uma melhora nas condições para a empresa, mas lembrou que a relação entre real e a moeda norte-americana ainda está longe dos níveis favoráveis do passado.

“Um câmbio que esteve se apreciando e os custos crescentes, foi um grande desafio, então é obvio que essa recuperação do dólar ajuda.”

Ele disse ainda que vê o Brasil, com uma melhora nas produtividades, poderá ser um exportador regular de milho nos próximos anos, deixando de atuar no mercado internacional esporadicamente. Neste ano, a propósito, os brasileiros (incluindo a Bunge) exportaram milho para os EUA.

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