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Brasileiro defende pobres na OMC

Os quatro candidatos ao posto de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) inauguraram ontem o palanque em Genebra, sede da organização multilateral de comércio.

Com três candidatos de países em desenvolvimento e um europeu, o tema principal nos quatro discursos foi a defesa de um sistema de comércio que inclua os interesses dos países menos desenvolvidos.

O embaixador brasileiro Luiz Felipe de Seixas Corrêa concorre com o ex-comissário de comércio da União Européia Pascal Lamy (francês), com o ex-presidente do Conselho Geral da OMC Carlos Pérez del Castillo (uruguaio) e com o ministro de Comércio Exterior de Maurício, Jaya Krishna Cuttaree.

Seixas defendeu um sistema de comércio democrático. “Precisamos procurar medidas que promovam a diversificação da produção e da base exportadora e aumentar os mercados livres de impostos para esses produtos”, disse ele, que usou a marca do governo Lula de combate à pobreza.

“Democracia é um conceito-chave aqui e é um valor que está no centro da política externa e doméstica do presidente Lula, cujo objetivo central é erradicar a pobreza”, disse.

Lamy defendeu a abertura comercial como forma de combater a pobreza. “A liberalização é essencial para promover o desenvolvimento e o crescimento e combater a pobreza”, disse. Segundo Lamy, nos últimos 20 anos, as exportações dos países pobres triplicaram.

Dos 148 membros da OMC, 111 são países pobres ou em desenvolvimento, o que favorece a eleição de um candidato de país abaixo da linha do Equador.

O jornal britânico “Financial Times”, porém, aponta Lamy como o favorito por ser o mais conhecido e contar com o forte apoio da Europa, dos EUA, do Japão e o provável voto das ex-colônias européias, principalmente as que se beneficiam da política da União Européia de comprar a produção de açúcar desses países.

Para o “FT”, por ter sido presidente do Conselho Geral da OMC, Castillo é o candidato com mais chances de polarizar a disputa com Lamy.

Porém, na opinião de especialistas e diplomatas ouvidos pela Folha, a forte repercussão negativa entre os países em desenvolvimento causada por relatório produzido por Castillo antes do início das negociações no ano passado, em Cancún, pode prejudicar o uruguaio. “O relatório foi muito criticado porque ele incorporou no texto agrícola os argumentos usados pelos EUA e pela União européia e ignorou o texto produzido pelo G20”, disse André Nassar, diretor do Icone (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais).

Para Nassar, a rejeição ao nome de Castillo poderá ser forte entre os países em desenvolvimento por causa de sua atuação em Cancún. No entanto, o especialista considera difícil apontar favoritos porque as negociações políticas envolvem interesses individuais de muitos países.

É com a criticada atuação de Castillo em Cancún que o Itamaraty conta para emplacar o nome de Seixas em uma espécie de segundo turno da disputa, quando, a partir de março, o Conselho Geral irá decidir o novo diretor-geral a partir de só dois candidatos.

A principal desvantagem de Seixas entre os países desenvolvidos é ser o representante de um país que iniciou uma ação na OMC contra os subsídios europeus, que afeta o comércio de açúcar do Caribe e da África.

Por ser o representante de um dos países que mais se beneficiam do esquema europeu de comprar açúcar das ex-colônias e revender com subsídios, há uma espécie de consenso de que o candidato de Maurício é o que possui menos apoio. A OMC vai decidir o novo diretor-geral até o dia 31 de maio.

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