Mercado

Brasil usa diplomacia antes da retaliação contra a Argentina

O governo brasileiro ainda pensa em tentar resolver diplomaticamente a questão da sobretaxa do açúcar imposta pela Argentina. Mas, no Congresso Nacional, fala-se em retaliações aquele país.

Nas conversas com o governo argentino, os ministérios da Agricultura, Comércio Exterior e o Itamaraty esperam fechar um acordo que “limpe” a mesa de negociações sobre os contenciosos que envolvem os dois países. “Queremos que o mercado seja aberto, mesmo que a negociação seja lenta”, afirma Paulo Venturelli, coordenador de Acordos e Políticas Comerciais do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento. Mas, ele acredita que uma solução para o impasse só seja tomada no próximo governo, uma vez que haverá eleição na Argentina.

Na Câmara dos Deputados foram protocolados dois projetos de lei que retaliam a Argentina pela medida. Os deputados Antônio Carlos Thame (PSDB/SP) e Kátia Abreu (PFL/TO) propõem que sejam suspensas as preferências tarifárias no comércio interno do Mercosul para o açúcar e todos os produtos alimentícios que contenham 10% ou mais de açúcar em sua composição. Segundo eles, a medida é necessária porque o Brasil concede preferência tarifária, sem contrapartida. “O exemplo da Argentina torna mais difícil convencer os países ricos a abrir mão de suas sobretaxas à importação, quando nem no âmbito do Mercosul temos conseguido eliminar barreiras e integrar nossas economias”, afirma Kátia Abreu. Opinião semelhante tem o assessor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil -CNA, José Ricardo Severo. “Como negociar o açúcar no exterior se não resolvemos o problema internamente?”, questiona. De acordos com dados de Thame, as importações brasileiras de produtos provenientes da Argentina que utilizam açúcar como matéria-prima são modestas: US$ 44 milhões.

O parlamentar do PSDB também propõe que o trigo seja incluído na lista de exceções à Tarifa Externa Comum. Segundo o deputado, a escolha recaiu sobre o trigo porque a Argentina responde por 90% das importações brasileiras deste produto, que totalizam US$ 850 milhões. O que o Brasil compra daquele país corresponde a 40% do volume de trigo exportado pela Argentina. Além disso, de acordo com ele, sem a cobrança de taxa de 10%, os trigos do Canadá e dos Estados Unidos desbancariam o argentino.

Confira matéria completa na edição de abril do JornalCana.

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