JornalCana

Brasil terá avião com motor flex fuel

CTA e Magneti Marelli formalizam nos próximos 15 dias um contrato de desenvolvimento. O Centro Técnico Aeroespacial (CTA) e a empresa Magneti Marelli formalizam nos próximos 15 dias um contrato de desenvolvimento de um sistema de gerenciamento eletrônico de motor com aplicação aeronáutica. O objetivo do acordo, segundo o diretor do CTA, brigadeiro Adenir Siqueira Viana, é o desenvolvimento de uma aeronave com motor flex fuel, com capacidade para operar tanto com querosene de aviação, quanto com gasolina automotiva e álcool.

A primeira fase do projeto envolve a adaptação de um sistema de gerenciamento eletrônico de combustível em um motor já existente, o Lycoming 0-360, que equipa a aeronave L-42 Regente, da Força Aérea Brasileira (FAB). “O passo seguinte é o desenvolvimento do motor aeronáutico flex brasileiro, que será o primeiro do mundo nessa categoria”, explica um dos gerentes do projeto do motor aeronáutico a álcool no CTA, major César Demétrio Santos.

A Magneti Marelli foi uma das precursoras do sistema flex para automóveis no Brasil, que hoje responde por mais de 65% das vendas de carros no país. “O motor aeronáutico flex será o primeiro desenvolvimento da empresa nessa área no Brasil e também no mundo”, disse o gerente comercial da Magneti Marelli, Eduardo Augusto de Campos.

A empresa e o CTA, segundo ele, já começaram a trabalhar na fase de concepção do sistema e a expectativa é que em três semanas seja montado o primeiro sistema do motor. “Em três meses devemos iniciar os testes com o motor em funcionamento”, disse o executivo.

O desenvolvimento do motor aeronáutico flex está inserido no contexto de um projeto maior, dos motores aeronáuticos a álcool, retomado no ano passado pela direção do CTA. O objetivo inicial do projeto, segundo o brigadeiro Viana, é viabilizar a conversão de toda a frota de aeronaves T-25 ( modelo que serviu de base para o novo motor) da FAB, hoje estimada em 100 aeronaves. O T-25 é uma aeronave de instrução primária e básica dos cadetes da Academia da Força Aérea (AFA).

No último final de semana, o CTA realizou, com sucesso, o primeiro vôo da versão a álcool do T-25, também conhecido pelo nome Universal. A aeronave foi fabricada no Brasil pela empresa Neiva, subsidiária da Embraer. A empresa também desenvolveu uma versão a álcool do avião agrícola Ipanema, o primeiro do mundo nessa categoria.

O projeto do motor a álcool do CTA , iniciado na década de 80, também serviu de base para o modelo a álcool certificado pela Neiva em 2004. Na primeira fase do projeto do motor flex, o CTA utilizará o motor Lycoming do avião Regente, pois o T-25 possui seis cilindros e a Magneti Marelli tem experiência com motores de quatro cilindros.

Segundo o brigadeiro Viana, o motor aeronáutico a álcool do CTA deverá ser homologado em janeiro do próximo ano. Para ser qualificada, a aeronave T-25 a álcool precisará completar uma série de 56 ensaios em vôo. O projeto do motor a álcool é visto com prioridade na Aeronáutica, tendo em vista a escassez e o alto custo da gasolina de aviação. O Comando da Aeronáutica tem interesse que as pesquisas nessa área também incluam a possibilidade de o Brasil exportar a tecnologia do motor e o combustível para outros países do mundo.

No teste em vôo realizado no último domingo, segundo o pesquisador César Demétrio Santos, o motor a álcool do T-25 apresentou um desempenho superior ao motor a gasolina. “Embora o consumo de combustível no motor a álcool seja 20% maior que o motor a gasolina, a potência dele é de 5% a 10% maior, sem contar as vantagens de durabilidade, estabilidade, segurança e ambiental, pois não é poluente”, explicou.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram