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Brasil questiona EUA na OMC

Com bilhões de dólares em subsídios, os grandes proprietários de terra nos Estados Unidos já contam com uma renda média maior do que a dos moradores das metrópoles americanas. A avaliação é do principal instituto de pesquisas econômicas da Austrália, que publicou seus cálculos ontem, no mesmo dia em que o Brasil enviou para a Organização Mundial do Comércio (OMC) um pedido de abertura de painel contra a Casa Branca por causa dos subsídios ao algodão. Se essa ajuda for completamente retirada, o estudo estima que a produção americana poderá sofrer uma queda de quase 15% nos próximos quinze anos.

Recebendo cerca de US$ 20 bilhões por ano desde 2000, os representantes da agricultura americana começam a se organizar para tentar influenciar na aprovação da nova Farm Bill, lei americana que determinará os subsídios entre 2007 e 2011.

Segundo o Escritório Australiano de Agricultura (sigla ABARE, em inglês), uma reforma da produção americana não apenas seria positiva para as exportações de outros países como economizaria US$ 120 bilhões do orçamento público dos EUA até o ano de 2020.

De acordo com o estudo, 93% dos subsídios americanos vão para cinco produtos: soja, arroz, trigo, algodão e milho. No caso do algodão, principal alvo dos ataques brasileiros contra os Estados Unidos na OMC, uma liberalização do setor geraria uma queda na produção até 2020 de pelo menos 11%. Já a renda do produtor poderia ter uma redução de 19%.

A OMC já condenou os subsídios americanos ao algodão.

Mesmo assim, os Estados Unidos continuam distribuindo os recursos a seus produtores.

Com o pedido feito ontem, o Brasil espera que uma investigação seja aberta no próximo dia 28. A OMC terá então três meses para determinar se a Casa Branca está ou não respeitando as leis internacionais.

Mas não é apenas a produção de algodão que sofreria nos EUA com uma queda de subsídios. O maior afetado seria o produtor de açúcar. A liberalização do setor geraria uma queda da produção do país de 31% até 2020, além de uma redução da renda do produtor de 42%.

ETANOL

Outro setor que sofreria seria o do milho. Segundo o estudo, porém, há uma indicação cada vez mais clara de que parte da produção de milho e do açúcar poderá ser revertida para a fabricação de etanol.

Isso ocorreria com a queda nos preços internos para os dois produtos e o aumento da importação. De acordo com o levantamento, a produção de etanol nos Estados Unidos pode até dobrar nos próximos cinco anos diante desse cenário e de incentivos do governo.

Para os autores do estudo, porém, a reforma nos subsídios americanos não significaria o fim da produção dos Estados Unidos no campo. Isso porque os recursos poderiam ser distribuídos de forma mais eficiente.

A produção de carnes e frutas, por exemplo, poderiam até aumentar entre 2% e 5% na próxima década.

De acordo com o levantamento, os subsídios não tem sido eficientes em manter os pequenos agricultores no campo.

Isso porque grande parte dos subsídios foram distribuídos para as grandes propriedades.

Hoje, 70% da produção agrícola americana é realizada por apenas 10% das fazendas.

Não por acaso, esses fazendeiros conseguem ter uma renda de US$ 460 mil por anos, quase cinco maior que a renda de uma família nas cidades americanas.

Atualmente, apenas 2% da mão de obra americana está no campo, ou seja, 3 milhões de pessoas.

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