Mercado

Brasil quer ampliar exportação de álcool

O Brasil quer aproveitar a tendência altista do mercado de petróleo e as preocupações ambientais para alavancar as exportações de álcool combustível. Para isso, produtores nacionais iniciaram, neste ano, uma agressiva política de difusão do etanol nacional.

No dia 7 passado, o álcool combustível estreou na Bolsa de Nova York como a mais nova commodity brasileira. A expectativa é exportar neste ano 1,5 bilhão de litros de álcool.

Segundo o diretor técnico da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), Antônio de Pádua Rodrigues, a participação do álcool combustível ainda “é marginal”, com 65% das exportações sendo de álcool industrial.

“A participação do álcool combustível ainda é marginal, mas queremos chegar a 2007 com uma participação firme no mercado internacional”, afirma Rodrigues. Segundo ele, o Brasil hoje, sem “precisar de investimentos extras”, poderia exportar até 3 bilhões de litros por ano.

Os efeitos da alta do barril de petróleo já se fazem sentir na safra 2003/4, quando o Brasil vendeu mais de 100 milhões de litros de álcool combustível para os Estados Unidos, utilizando operações triangulares com Jamaica, El Salvador e Costa Rica.

O Brasil enviou a esses países álcool hidratado, que foi refinado e vendido como álcool combustível para os americanos. O mercado é promissor: empresários brasileiros já estão investindo em refinarias desidratadoras em El Salvador para entrar no mercado americano.

Mercado promissor

O anúncio de que a Rússia pretende ratificar o Protocolo de Kyoto foi outra boa notícia para o setor, que quer assegurar para o país uma fatia do mercado de energia alternativa que será criado com a mistura de álcool na gasolina, para reduzir a emissão de poluentes.

Para ter uma idéia do mercado que poderá se abrir para a alternativa energética brasileira, o Japão estuda misturar 3% de etanol na sua gasolina. Isso representaria, hoje, 1,8 bilhão de litros de álcool combustível por ano, volume maior do que toda a estimativa de exportação de álcool brasileiro para este ano, somando álcool industrial e combustível.

De olho nesse novo mercado, a Alcopar (Associação dos Produtores de Álcool do Paraná) espera vender 100 milhões de litros para os japoneses ainda neste ano. Segundo Adriano da Silva Dias, superintendente da Alcopar, o Japão aparece como “um mercado promissor a médio prazo”.

O entrave nesse processo é a decisão do governo norte-americano de não ratificar o Protocolo de Kyoto (os EUA são responsáveis pela emissão de 36,1% do gás carbônico no planeta, e a Rússia, por 17,4%). A decisão norte-americana afeta a entrada em vigor do protocolo, que prevê a redução de 55% na emissão de gás carbônico.

Além de países da Europa, outro mercado de interesse dos produtores nacionais é a China, onde nove Províncias já são obrigadas a misturar 10% de etanol à gasolina.

Segundo Rodrigues, os Estados nordestinos poderão ser os grandes beneficiados com as exportações de álcool. “O usineiro nordestino possui uma melhor logística para exportar. Eles não precisam estocar o álcool nos portos. Pode sair direto da usina para os navios. Isso conta muito no momento de exportar”, afirma. Hoje, os Estados nordestinos são responsáveis por 35% das exportações de álcool do país.

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