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Brasil precisa buscar novos mercados para seu açúcar

Maior produtor e exportador mundial de açúcar, o Brasil terá um grande desafio para avançar mais neste mercado#. “O Brasil terá de investir na produção de açúcar de melhor qualidade e buscar novos mercados”, afirmou Helmut Ahlfeld, da consultoria alemã sucroalcooleira F.O. Licht. Ahlfeld cita a produção de açúcar VHP (Very High Polarization) e refinado, com maior valor agregado. O país é o maior produtor de açúcar demerara (bruto).

“O mercado para o açúcar é limitado”, disse Ahlfeld, que participou ontem do seminário “Sugar and Ethanol Brazil”, realizado em São Paulo. A saída gradual da Rússia do mercado – maior importador global de açúcar – é apontada como uma das “ameaças” às usinas brasileiras.

Segundo Ahlfeld, o governo russo está incentivando a produção local de açúcar para reduzir a dependência do país no mercado internacional. “Em alguns anos, a Rússia não será mais o maior importador mundial”, disse. A expectativa é de que a produção de açúcar de beterraba da Rússia atinja 3,2 milhões de toneladas na safra 2006/07, que se encerra em setembro, 16% acima do ciclo anterior.

As perspectivas de preços internacionais da commodity também não são animadoras no curto e médio prazos. As cotações, que atingiram a maior alta dos últimos 25 anos em 3 de fevereiro de 2006, de 19,73 centavos de dólar por libra-peso em Nova York, vem caindo vertiginosamente nos últimos meses, e deverão ficar abaixo dos 10 centavos de dólar por libra-peso. Ontem, os contratos do açúcar para julho encerraram o dia a 10,28 centavos de dólar por libra-peso, com queda de 3 pontos.

Os fundamentos continuam baixistas para o açúcar. A maior produção mundial, estimada em 161,8 milhões de toneladas, aumento de 6,3% sobre o ciclo 2005/06, foi acentuada com a recuperação da safra de cana da Índia, segundo maior produtor mundial, e também os volumes recordes do Brasil.

Para o álcool, o cenário é completamente diferente. Apesar da “política vaga” para implementação do combustível na União Européia, por exemplo, há uma grande demanda internacional para o produto, afirmou Christopher Berg, da F.O. Licht.

Estados Unidos e Brasil são hoje, respectivamente, os maiores produtores globais de álcool. O apoio do governo americano à produção de etanol em substituição ao petróleo tem dado sustentação ao mercado.

No Brasil, a safra de cana está cada vez mais “alcooleira”. Com a nova colheita recorde prevista para 2007/08, as cotações do combustível também deverão ser pressionadas. Pedro Mizutani, vice-presidente do grupo Cosan, estima que a produção da matéria-prima no centro-sul do país, deve atingir 410 milhões de toneladas, 10,5% acima da safra passada.

O setor sucroalcooleiro está preocupado com as recentes quedas dos preços do álcool e já pressiona o governo para elevar a mistura do combustível dos atuais 23% para 25%. Segundo Ângelo Bressan, diretor de Agronergia do Ministério da Agricultura, técnicos do governo federal deverão se reunir na próxima semana para discutir a elevação da mistura. “Ainda não há nada decidido”, disse.

No início do ano passado, o governo reduziu a alíquota de 25% para 20%, como medida para aumentar a oferta do combustível no mercado interno. Em outubro, decidiu elevar a mistura para 23%, uma vez que os estoques à época eram suficientes para atender ao mercado.

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