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Brasil poderá iniciar programa comercial do combustível em 2005

Combustível limpo e obtido através de fontes renováveis de energia, o biodiesel foi apresentado ao Brasil, em março, em Ribeirão Preto, durante um evento técnico que contou com a presença do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Roberto Rodrigues. Transcorridos alguns meses, o Probiodiesel [Programa Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico de Combustíveis Alternativos] já conseguiu amealhar bastante apoio. Agora uma empresa propõe parceria com setor sucroalcooleiro para incentivar produção, que pode ter, em 2005, um amplo programa de biodiesel em escala comercial.

O doutor em química e professor da Universidade de São Paulo [USP] em Ribeirão Preto Miguel Dabdoub concluiu uma pesquisa que revela a possibilidade de fabricação eficiente e viá-vel do biodiesel com álcool etílico, proveniente da cana-de-açúcar. Segundo ele, após receber suporte nos setores su-croalcooleiro nacional e de oleaginosas, o governo federal nomeou em julho um grupo interministerial com o objetivo de prosseguir as discussões sobre viabilização do projeto.

O Brasil pode iniciar, em 2005, um amplo programa de biodiesel em escala comercial. Um relatório sobre o assunto elaborado por técnicos de 11 ministérios deve ser entregue ao presidente Lula em breve. Segundo informações da Agência Brasil, o novo combustível deverá fortalecer o negócio de energia no setor agrícola, diversificando a atuação comercial de produtores rurais e agroindústrias. Além disso, pode proporcionar ganhos ambientais significativos.

Segundo Dabdoub, a produção de biodiesel no Brasil pode ser viabilizada a partir de óleos vegetais como girassol, soja, dendê, pequi, coco, canola, babaçu e milho. O país dispõe uma área de mais de 90 milhões de hectares de terras disponíveis para a produção de óleo vegetal. A soja, por exemplo, pode render até 800 litros a cada hectare, índice também alcançado pelo girassol.

Mas o maior benefício gerado pelo biodiesel no Brasil é a utilização do álcool etílico na fabricação do produto. Se o projeto for aprovado pelo governo, o combustível seria injetado principalmente na frota de caminhões, máquinas agrícolas, ônibus e embarcações e na geração de energia em usinas termoelétricas da Amazônia.

Parceria com empresas

A empresa Granol Indústria, Comércio e Exportação S/A manifestou a intenção de realizar uma parceria inédita com o setor sucroalcooleiro para incentivar a produção de biodiesel. O representante da empresa Márcio Torra de Ávila esteve na sede da UDOP [Usinas e Destilarias do Oeste Paulista] recententemente para detalhar os objetivos desse possível acordo.

Segundo Ávila a idéia inicial é promover uma parceria com as cozinhas industriais das usinas e destilarias da região. “Queremos adquirir o óleo de soja usado por estas unidades para transformá-lo em biodiesel. Esse óleo deixaria de ser despejado na rede de esgoto, o que de certa forma colaboraria com o meio ambiente, além de baratear os custos de fabricação de biodiesel, que pode ser fabricado a partir do óleo virgem ou usado”, disse.

Pela proposta da Granol a empresa estaria incentivando não apenas as usinas a guardarem o óleo usado, mas também a população de uma forma geral. “Queremos primeiro evitar que a população despeje esse óleo na rede de esgoto, armazenando-o então em garrafas PET recicláveis, e em troca estaríamos fornecendo uma lata de óleo de soja novo para cada 4 litros de óleo usado”, explicou Ávila.

O interesse da Granol pela UDOP se deve ao fato da entidade representar atualmente 34 usinas e destilarias. “Essa liderança da UDOP pode facilitar uma possível concentração de esforços que devam culminar no andamento de nosso projeto”, finaliza Ávila.

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