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Brasil poderá desenvolver projetos de infraestrutura com EUA

O Brasil deverá desenvolver projetos de infraestrutura junto com os Estados Unidos, afirmou ontem o embaixador do país em Washington, Sergio Amaral. “Nós podemos fazer mais em infraestrutura. Essa é uma área em que os investimentos americanos são bem-vindos”, disse ele, durante debate no centro de estudos Wilson Center, em Washington.

O desenvolvimento de projetos de infraestrutura será um dos principais focos da viagem do presidente Michel Temer, na semana que vem, a Nova York, onde ele deverá participar da Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU). O secretário-executivo do Programa de Parcerias em Investimentos (PPI), Moreira Franco, deverá aproveitar a viagem para apresentar novas diretrizes ao desenvolvimento de projetos e de investimentos em estradas, aeroportos e no setor de energia.

A expectativa é a de que o atual governo mostre um posicionamento mais aberto ao governo americano e às empresas para discutir a configuração dos projetos. Moreira também deverá enfatizar que os novos investimentos serão antecedidos pela concessão ambiental para a realização das obras. Com isso, será bastante reduzido o risco de os projetos serem paralisados após uma companhia vencer a licitação, o que afastou investidores internacionais de leilões no país. Na área de energia, representantes do governo deverão discutir o desenvolvimento de projetos sobre energia limpa e renovável, como de desenvolvimento de etanol de segunda geração.

Amaral avaliou que, nos últimos anos, o relacionamento entre os dois países foi contaminado por um ruído. “Foi provocado por desconfianças e por questões ideológicas. Mas nós podemos ter uma relação madura, que é aquela em que a gente pode ter um diálogo, o que não quer dizer necessariamente concordância.” Segundo ele, a relação com os EUA “sempre foi contaminada por uma ideia falsa, que ela só pode ser de adesão ou de resistência.”

O embaixador ressaltou que há uma “oportunidade única para cooperação”. De acordo com ele, há várias áreas de convergência com os EUA, como a defesa da democracia, dos direitos humanos, do meio ambiente e do comércio. Amaral observou ainda que, enquanto o Brasil vive um momento voltado à abertura comercial, os EUA e alguns países europeus enfrentam discursos políticos contrários ao livre comércio. “É uma ironia da história: na hora em que estamos prontos para vir à mesa, os nossos parceiros não estão.”

O discurso contrário aos acordos de comércio está muito forte na campanha eleitoral americana, onde os candidatos dos partidos Republicano, Donald Trump, e Democrata, Hillary Clinton, se opuseram à Parceria Transpacífica (TPP). “O que eu posso dizer é que a natureza do debate eleitoral deve ter menos influência sobre quem será eleito.” Para ele, uma vez eleito, o futuro presidente dos EUA terá que lidar com questões práticas e, nas relações com o Brasil, e há espaço para fortalecer os laços comerciais. “Acho que teremos mais maturidade na nossa relação com os EUA. Se a proposta for boa, por que não discutir e trabalhar conjuntamente?”

O embaixador vê uma oportunidade de convergência no Mercosul, pois os governos do Brasil e da Argentina estão trabalhando com ideias similares. “Nós costumávamos ir em direções opostas. Quando nos abríamos, eles se fechavam; quando eles se fechavam, nós nos abríamos. Agora, estamos na mesma direção. Talvez, seja uma oportunidade para novos acordos comerciais.”

Amaral considera que o Brasil superou o processo do impeachment e que, agora, poderá se concentrar na aprovação de reformas. Ele lembrou que Temer foi por três vezes presidente da Câmara dos Deputados e, portanto, “sabe lidar com essas negociações, o que era algo difícil para a ex-presidente Dilma Rousseff fazer”. Mas as reformas terão que ser bem explicadas à população, advertiu.

Fonte: (Valor)

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