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Brasil participará da revisão de contratos de açúcar em NY

O Brasil terá voz ativa nas discussões sobre a revisão dos contratos 11 de açúcar na bolsa de Nova York, principal balizador dos preços internacionais da commodity. Com apoio dos principais produtores mundiais de açúcar, o Brasil participará, pela primeira vez, dessas mudanças, organizadas pelo Comitê Especial do Açúcar na bolsa, que desde o início do século passado concentravam-se nas mãos de tradings e brokers (corretoras ligadas a bancos) internacionais.

Embora as revisões nas regras dos contratos sejam puramente técnicas, as propostas elaboradas pelos empresários brasileiros, sob a coordenação da União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo (Unica) e do trader Manoel Garcia, presidente da S/A Fluxo, pretendem dar maior dinamismo aos contratos 11 de açúcar e tentar reduzir os custos operacionais das usinas de açúcar de todo o mundo.

De acordo com Garcia, uma das propostas do país é a redução do prazo para apresentação de navios para retirada do açúcar dos portos por parte dos compradores. Hoje, os compradores têm até 75 dias para retirar o açúcar do porto. “Isso encarece os custos das usinas com armazenagem”, afirma o trader.

Os empresários também querem uma revisão da taxa de carregamento de açúcar nos portos, que hoje está em 3 mil toneladas por dia. “Há uma pressão internacional para que a taxa aumente”, diz Garcia. Segundo ele, essa taxa era de 1,5 mil toneladas/dia e foi alterada recentemente. “Mas ainda é pouco. O aumento do carregamento dá maior agilidade aos portos, reduz o tempo de carregamento e os custos com frete “, diz. Segundo Garcia, essa proposta está atrelada à redução do prazo de retirada do açúcar por parte dos compradores e à elevação do prêmio pago ao açúcar de melhor qualidade.

O Brasil não tem assento entre os associados da bolsa de Nova York, como é o caso da Austrália, que representa a parte produtiva. “O Brasil é hoje o maior país produtor e exportador de açúcar, o que dá respaldo para participar dessas discussões”, afirma Garcia. A Copersucar é a única empresa brasileira associada à bolsa nova-iorquina, mas não garante qualquer poder de decisão.

Em uma reunião na Global Alliance, que reúne os principais produtores mundiais de açúcar, o Brasil ganhou apoio dos países para participar da revisão dos contratos. “Enviamos há um mês nosso pedido ao comitê especial e fomos aceitos”, diz Garcia. A última grande reestruturação dos contratos, acrescenta o trader, ocorreu no final da década de 70.

Conforme Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da Unica, os empresários querem que as mudanças traduzam a realidade de mercado do açúcar.

Essas alterações deverão ser discutidas nos próximos meses e terão um desfecho no início de 2004, acredita Garcia. Não há uma expectativa no mercado de que as propostas brasileiras sejam aceitas. “Mas vamos abrir um canal de discussão para futuras reestruturações”, diz o trader.

Segundo especialistas do setor sucroalcooleiro, a inclusão do Brasil nessa mesa-redonda reforça a importância do país no contexto internacional.

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