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Brasil já tem inflação de países desenvolvidos

A inflação brasileira deste ano está se distanciando das taxas de países emergentes e se aproximando dos indicadores de preços de países desenvolvidos. Principalmente depois do resultado do IPCA de agosto, divulgado ontem, as estimativas para o ano estão sendo refeitas e rondam os 3%, projeção do Instituto de Economia (IE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que comparou a inflação brasileira deste ano com a de outros países.

Com base nas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o ano, o levantamento mostra que o Brasil não alcançará a média de 2,3% das maiores economias desenvolvidas, mas está se aproximando disso pela primeira vez nos últimos anos. E fechará o ano com inflação menor que a de países como África do Sul (4,5%), Índia (4,8%), Turquia (6,5%), Rússia (10,4%), Venezuela (11,7%) e Argentina (12,9%).

De forma geral, acontece com o indicador de preços o contrário do que ocorre com a variação do PIB: o crescimento econômico coloca o Brasil na lanterninha dos emergentes e a inflação, mais à frente. O especialista em inflação do Grupo de Conjuntura do IE/UFRJ, Carlos Thadeu de Freitas Filho, estima que o País fechará o ano com inflação mais baixa até que a dos Estados Unidos, projetada em 3,5%.

Para o coordenador do Grupo de Acompanhamento Conjuntural (GAC) do Ipea, Fábio Giambiagi, a inflação brasileira está “baixíssima”. “Em matéria de inflação, estamos com um cenário de céu de brigadeiro.” A projeção do Ipea para 2006 recuou de 4,4% para 3,2%. Ele explica que mesmo a previsão de 4,5% para 2007 deve ser revista porque o modelo de cálculo não leva em conta as expectativas dos agentes econômicos de que o indicador deverá cair.

Freitas explica que o Brasil teve a maior valorização da moeda local frente ao dólar, em relação a outros países. De maneira simplificada, a valorização do real aumenta a entrada de produtos importados e a competição com nacionais tende a reduzir preços, além da entrada de insumos importados mais baratos para a fabricação de produtos no País.

O especialista lembra que produtos que seriam exportados e perderam competitividade estão voltando ao mercado interno com preços vantajosos. “Estamos com a inflação baixa, mas falta o crescimento. Pode-se dizer também que o crescimento sustentado depende de se ter uma inflação baixa. Só se cresce com inflação baixa, esse é o ponto.”

Para o economista do JP Morgan Julio Calegari, o principal fator para os preços congelados é o câmbio. O banco projetava, no início da semana, inflação de 3,7% para este ano. A previsão inclui a expectativa de aumento dos combustíveis em 7% no último trimestre – sem isso o IPCA ficaria em 3,4%. Para o economista do IE/UFRJ, não deverá haver aumentos, com o patamar atual do barril, pouco abaixo de US$ 70, já que a valorização compensa esse preço.

O Ipea avalia que, caso haja um aumento de 7%, o impacto seria pouco acima de 0,10 ponto, o que elevaria no máximo a previsão de IPCA para 3,3%. Calegari antevê que no ano que vem a inflação deverá voltar à faixa de 4%, o que continua sendo “uma conquista”.

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