O setor sucroenergético do Brasil ganha sua primeira usina de etanol greenfield após três anos.
A última unidade inaugurada no País foi a Santa Vitória Açúcar e Álcool, na cidade de Santa Vitória, no Triangulo Mineiro, em 2013. Controlada por joint venture dos grupos Mitsui e Dow, a unidade começou a safra comercial de etanol hidratado em 2015.
Agora, uma nova unidade produtora de etanol amplia o universo de 400 usinas e destilarias aptas a moer no País. É a F&S Agri Solutions, primeira unidade do Brasil com produção de biocombustível a ser feita exclusivamente por milho e sorgo.
O País já possui três unidades processadoras de etanol a partir de cereais, mas têm na cana-de-açúcar a matéria-prima principal. Elas ficam no Estado do Mato Grosso, no qual a greenfield também será erguida.
“A F&S é a primeira 100% do país exclusiva de milho e sorgo”, diz Vladimir Abreu, sócio na área de agronegócio da TozziniFreire Advogados, responsável pela assessoria jurídica no empreendimento.
Confira a seguir a entrevista de Vladimir Abreu concedida ao Portal JornalCana:
Portal JornalCana – Como é o trabalho da TozziniFreire no projeto da usina greenfield?
Vladimir Abreu – A empresa é responsável pela assessoria jurídica ao grupo norte-americano Summit Agricultural Group na formação de uma joint venture com a mato-grossense Fiagril Participações S.A. para a implantação e operação da primeira usina de etanol do País a usar apenas milho e sorgo como matérias-primas.
A pedra fundamental da futura usina foi lançada em 29/03 no município de Lucas do Rio Verde (MT). Fale mais a respeito desse projeto greenfield
Vladimir Abreu – A F&S Agri Solutions [nome da joint venture e cujo F é de Fiagrill e o S do grupo Summit] produzirá etanol anidro e hidratado. A previsão é início das operações em 2017 com moagem anual de 530 mil toneladas de milho e produção de 223 milhões de litros de biocombustível por ano [quando estiver com 100% da capacidade em operação].
A F&S também terá outros produtos?
Vladimir Abreu – Sim, produzirá farelos para ração animal como o DDGS Alta Fibra, para alimentação de animais ruminantes e o DDGS Alta Proteína, destinado à produção de ração para animais monogástricos (suínos e aves). Além disso, a unidade produzirá óleo de milho para indústria de biodiesel [segmento já operado pela Fiagril] e dióxido de carbono (CO2) para a indústria de bebidas.
Leia mais: Quem está por trás da nova usina de etanol de milho do MT
Fale mais sobre o investimento
Vladimir Abreu – Trata-se de uma joint venture na qual a Summit possui 75% do controle, e os demais 25% são da Fiagril, que opera em diversas áreas do agronegócio e tem fatuuramento anual de R$ 2 bilhões. A joint foi formalizada em setembro de 2015 e o financiamento necessário para a operação foi obtido, com o contrato assinado em fevereiro último, no valor de US$ 50 milhões.
Quem é esse investidor?
Vladimir Abreu – O nome é mantido em sigilo, mas esse emprestador é dos Estados Unidos e atua no ramo de agronegócio. Os US$ 50 milhões integram os R$ 415 milhões previstos para o investimento na usina greenfield. O restante necessário será buscado pela
Summit e pela Fiagril, consideradas as proporções de ações de cada uma.
Qual a previsão de início das operações?
Vladimir Abreu – Em agosto de 2017. E dará tempo. A construção começou em janeiro último, após três anos de negociações. Estamos desde o início nesse projeto greenfield.
Qual é a origem dos equipamentos da futura usina?
Vladimir Abreu – 90% são comprados no Brasil. O restante vem dos EUA, onde a Summit já operou destilarias.
A tecnologia da F&S também é americana?
Vladimir Abreu – Sim. As tecnologias de processo são da ICM de Colwisch, do estado do Kansas, que já fornece serviços de engenharia, construção e operações para mais de 100 instalações de etanol na América do Norte desde 1995.
A empresa que o senhor representa já possui expertise no setor sucroenergético?
Vladimir Abreu – Sim. Quando houve o boom do setor, atuamos fortemente em mais de 25 projetos distribuídos entre auditorias, aquisições e vendas de usinas.
O setor opera hoje com sérios problemas de endividamento financeiro, apesar de o mercado internacional dar sinais de revigoramento no açúcar. Qual sua avaliação?
Vladimir Abreu – Nos últimos anos o setor foi visto com muita preocupação. Mas ele buscou a recuperação de dívidas com alternativas. Enxergamos grupos estrangeiros interessados, em olhar esse setor, enxergar oportunidades. E há ativos estressados que podem ser comprados por valores mais baixos. Há horizonte. E em 2017 o setor deverá vibrar.
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