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Brasil Ecodiesel negocia fusão com a Maeda, de Enrique Bañuelos

A Brasil Ecodiesel informou, ontem, que está em negociação com a Maeda Agroindustrial para formar uma única empresa. “O objetivo seria criar uma empresa vertical que seja consolidadora no setor de agribusiness”, afirma o CEO da Veremonte do Brasil, Marcelo Paracchini, fundo do grupo do megainvestidor espanhol Enrique Bañuelos.

A Veremonte administra recursos de mais de R$ 1 bilhão no Brasil e possui cerca de 90% do capital da Maeda Agroindustrial. Os outros 10% estão nas mãos da família Maeda.

O executivo conta que a negociação entra agora no estágio de due diligence (análise de dados) e que um resultado oficial da fusão deve ser anunciado em cerca de 30 dias. Na due diligence, a Maeda será auditada pela Ernest & Young e a Brasil Ecodiesel, pela KPMG.

Paracchini disse que a expectativa é de que a Brasil Ecodiesel incorpore a Maeda Agroindustrial. “A Brasil Ecodiesel deverá pagar pela Maeda através de uma emissão de ações”, disse. Nesse processo, os acionistas da Brasil Ecodiesel deverão ficar com 67% da nova empresa e os acionistas da Maeda. com 33%. Caso seja esta a forma da incorporação, a Brasil Ecodiesel deterá 100% da Maeda Agroindustrial. Segundo o executivo, recursos internacionais poderão ser internalizados na Brasil Ecodiesel via participação da Veremonte na Maeda. “Temos um grande apetite por novos negócios no Brasil”, disse o executivo.

Sinergia. Segundo Paracchini, a união das duas empresas trará grande sinergia entre elas porque a Brasil Ecodiesel é produtora de biodiesel e precisa de óleo vegetal. E a Maeda possui mais de 100 mil hectares plantados principalmente com soja e algodão, duas matérias-primas utilizadas para a produção de biodiesel. “Com o acordo, a Brasil Ecodiesel não irá precisar mais de ir buscar soja ou algodão no mercado spot (à vista) e enfrentar flutuação de preços. Ela terá dentro de casa a própria originação das matérias-primas”, disse.

O executivo afirma também que, com a negócio, a Brasil Ecodiesel não precisará mais ser refém dos leilões da Petrobrás. “A Brasil Ecodiesel deixa de ser monoprodutora para ser multiprodutora. Se os preços do biodiesel não estiverem adequados, ela poderá vender a soja em grão, o farelo ou o óleo de soja”, afirma Paracchini.

Em maio, a Veremonte adquiriu a Maeda Agroindustrial por meio da Arion Capital. “A Arion criou um fundo para que a Veremonte investisse no País. Foi a Arion que identificou uma possibilidade de investimento no Brasil”, explica o executivo. Segundo ele, a Maeda estava com dívidas de cerca de R$ 300 milhões, dos quais R$ 200 milhões eram com bancos. “A dívida foi reestruturada e alongada para ser paga em um prazo de cinco anos, sendo dois de carência”, disse. O executivo afirma que a Maeda foi capitalizada e está operando normalmente.

Auditores independentes também deverão analisar o negócios antes da aprovação. “Os preços e valores envolvidos na negociação deverão receber o aval dessas auditorias”, disse. Segundo informações da Brasil Ecodiesel, está sendo discutida uma relação de troca, sujeita ainda à aprovação das companhias e confirmação por instituição avaliadora, de aproximadamente 3,6395 ações da Maeda para cada ação da Brasil Ecodiesel, o que atribui à Maeda um valor econômico de cerca de R$ 320 milhões.

PARA LEMBRAR

Empresa foi símbolo para o governo Lula

Arquitetada por um grupo de investidores em 2003 para ser a empresa exemplo da política de biodiesel do governo Lula, a Brasil Ecodiesel investiu na produção de oleaginosas alternativas, como a mamona, e também na construção de usinas no Nordeste, onde investiu em assentamentos de agricultores familiares, no Piauí. Mas, em pouco tempo, a produção de mamona para esse fim provou-se inviável. Amargando sérias dificuldades financeiras, sem capital para operar e sem o apoio governamental registrado no início, a empresa concentrou seus esforços na produção de biodiesel de soja. As usinas do Nordeste foram desativadas.

A reestruturação, inicialmente, deu resultados positivos. Porém, a suspensão do selo social da empresa por um ano fez com que a empresa voltasse a perder mercado e faturamento. A crise que se instalou culminou na exoneração do presidente Mauro Cerchiari e na substituição, há um mês, por José Carlos Aguilera, que já havia sido presidente.

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