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Brasil e UE convergem sobre grandes questões, diz Durão Barroso

O Brasil e a União Europeia trabalham afinados em relação às grandes questões globais, defendendo “posições muito convergentes ou mesmo idênticas” sobre temas de grande importância, como a resposta à crise, a necessidade de regulação do setor financeiro e a luta contra as mudanças climáticas, disse hoje o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. Na cúpula Brasil e UE a ser realizada em Estocolmo, na terça-feira, as discussões sobre alterações do clima e a crise global devem dominar as negociações. “A nossa parceria tem sido desenvolvida num espírito de intimidade e até mesmo de cumplicidade, em que posições muito similares são defendidas pela União Europeia e pelo Brasil. É também sobre isso que nós vamos fazer progressos na Cúpula de Estocolmo.”

Durão Barroso disse que tem esperança de que se consigam resultados concretos importantes na cúpula “também na matéria de biocombustíveis”. Um dos temas que serão tratados é uma parceria triangular entre Brasil, UE e África para produção de etanol nos países africanos. A ideia é que o Brasil entre com o apoio tecnológico, enquanto a UE seria o mercado natural para receber o produto fabricado na África. Segundo ele, já um acordo entre Brasil e UE nesse domínio, mas ainda é necessário fazer um trabalho com os parceiros africanos. “Aí é que eu penso que nós precisamos fazer mais alguns progressos antes de colocar em prática algumas ações”, ressaltou Durão Barroso. “Nós somos a favor de biocombustíveis sustentáveis. Eles podem ser um modo de lutar contra as alterações climáticas”, disse ele. Questionado se poderia haver redução de tarifas na UE para o etanol, Durão Barroso respondeu apenas: “Isso temos que ver ainda.”

O presidente da Comissão Europeia destacou a vontade do Brasil e da UE de relançar a Rodada Doha de liberalização comercial da Organização Mundial do Comércio (OMC) como mais um sinal de que brasileiros e europeus estão afinados sobre questões globais importantes. Durão Barroso discordou da ideia de que a Europa seja protecionista. “A Europa é o mercado mais aberto do mundo. Nós somos o principal destino das exportações agrícolas do mundo. Às vezes há uma ideia de que a Europa é protecionista, mas francamente isso não corresponde à verdade”, disse ele, acrescentando que as tarifas européias são muito mais baixas do que as dos parceiros comerciais. Países em desenvolvimento como o Brasil se queixam dos subsídios agrícolas da UE, por dificultar o acesso de seus produtos ao mercado europeu.

Durão Barroso reiterou que a UE está muito interessada em concluir a rodada Doha, enfatizando que a paralisação das negociações na OMC no ano passado não foi responsabilidade dos europeus. “Nós estamos disponíveis para fazer concessões importantes. A rodada Doha seria muito importante para o comércio e também para o desenvolvimento”, afirmou ele. “Se não conseguirmos aprová-la, porém, nós temos que trabalhar bilateralmente, e estamos abertos a avançar no acordo entre a UE e o Mercosul.” Nos últimos anos, as negociações entre UE e Mercosul foram deixadas em segundo plano porque a Rodada Doha passou a ser considerada prioridade pelos países e blocos econômicos, por se considerar que é mais vantajoso uma liberalização multilateral do que uma bilateral. Durão Barroso falou hoje a um grupo de jornalistas brasileiros, que estão em Bruxelas a convite da UE.

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