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Brasil e México dão prioridade à energia e fecham acordos

Durante o encontro na manhã de ontem, os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do México, Felipe Calderón, assinaram acordos de cooperação nas áreas de ciência, tecnologia, energia e entre agências de fomento ao comércio exterior. Ambos declararam também serem favoráveis a mais trocas de experiências entre as suas estatais do setor de petróleo, Petrobras e Pemex.

O México se interessa pela tecnologia e pelo modelo de gestão da petroleira brasileira, que tem atualmente mais de 60% do capital no mercado, mas mantém controle estatal. Em contrapartida, a Petrobras está de olho no mercado mexicano de combustíveis e nas vendas de gasolina. O país começa a testar no ano que vem, em Guadalajara, o etanol com uma mistura de 2%.

Calderón destacou que gostaria de elevar a cooperação entre a Pemex e a companhia brasileira, uma vez que a produção de petróleo de seu país tem diminuído.

“Para ! mim, o que é claro é que a Pemex possa aproveitar toda a experiência exitosa da Petrobras, que permitiu ao Brasil crescer ano a ano sua produção petrolífera”, declarou o presidente mexicano.

“São duas gigantes do petróleo. Se as duas continuarem individualizadas, cada uma fazendo o seu serviço, as duas deixarão de ser muito maiores do que poderiam ser se estabelecessem parceria”, enfatizou o presidente Lula.

De acordo com Roberto Segatto, presidente da Abracex (Associação brasileira de comércio exterior), os acordos firmados serão muito benéficos para os dois países. “O Brasil trará mais dinheiro e consequentemente inverterá a balança comercial novamente, e a parceria com o México possibilitará a entrada de capital do restante do mundo para América do Sul, com a venda do etanol”, argumentou Segatto.

Segundo Marcus Vinícius Pratini de Moraes, presidente do Conselho Empresarial da América Latina (Ceal), os acordos têm como objetivo a ampliação da pauta exportador! a e um alcance maior de mercados pelo México, para que seja reduzida a dependência ao mercado americano.

“Os acordos reduzirão a dependência do México junto aos Estados Unidos, e o Brasil é uma ótima opção, pois temos uma economia em crescimento, com maior abertura para o mercado internacional”, afirmou.

Segundo números divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) entre janeiro e julho de 2009, as exportações para o México retraíram mais de 50% na comparação com o mesmo período de 2008. Somente as vendas do setor de automotores para o país caíram, no mesmo período de comparação, 41,57%.

O saldo da balança bilateral nos primeiros sete meses deste ano apresenta déficit de US$ 43,045 milhões, resultado de US$ 1,414 bilhão em exportações e US$ 1,457 bilhão em importações. Em 2008, as exportações nos sete primeiros meses do ano, corresponderam a US$ 2,420 bilhões e as vendas representaram US$ 1,682 bilhão.

Livre-comércio

O! utro ponto abordado pelos presidentes durante o encontro foi a possibilidade de dar andamento às negociações de livre-comércio entre México e o Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

“Essa crise [financeira] demonstrou que, quanto mais diversificarmos a nossa balança comercial e interagirmos com outros países, menos dependente nós ficaremos de uma única economia”, afirmou Lula, em coletiva à imprensa.

O presidente brasileiro acrescentou que “os acordos de preferências comerciais são restritos e acanhados. Por isso, estamos empenhados em ampliar o acordo comercial bilateral”.

A visita que o presidente mexicano faz ao Brasil representa “um salto” para as relações bilaterais, disse o embaixador do país em Brasília, Andrés Valencia Benavides. “Há intensificação e aprofundamento das relações”, declarou o diplomata.

Segatto relatou que o tratado de livre-comércio é muito mais benéfico ao Brasil do que o Mercosul. “O Mercosul não acrescenta nada para nós. Pelo contrário, só nos poda. Devemos sair do bloco e fazer acordos independentes, com o México e outros países, sem ter de pedir o aval do Mercosul”, defendeu. Calderón demonstrou receptividade à ideia, mas ressaltou que parte do empresariado de seu país é contra o projeto.

“Há setores muito sensíveis. Eu posso assegurar aos empresários do México que estaremos muito atentos às inquietudes, opiniões, e buscando não como prejudicar alguém, mas como melhorar para todos através dos benefícios do comércio”, destacou. “Sei que há muitas resistências a vencer”, acrescentou.

O presidente Lula e seu companheiro mexicano, Felipe Calderón, assinaram acordos de cooperação nas áreas de ciência, tecnologia, energia e entre agências de fomento.

Karina Nappi / agências

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