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Brasil e Japão estão mais perto de um acordo

O projeto brasileiro de vender álcool combustível para o Japão ficou mais próximo de se concretizar, com a assinatura, ontem, de um protocolo de intenções para um programa para a produção de álcool entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Japan Bank for Internacional Cooperation (JBIC).

Os entendimentos para a realização dos primeiros negócios ainda estão em fase preliminar. “É a formalização de um namoro, quase um noivado”, conforme a definição do diretor do Departamento de Açúcar e Álcool do Mapa, Ângelo Bressan.

O governo japonês ainda não está seguro de que o Brasil teria condições de atender às suas necessidades, que chegariam a 1,8 bilhão de litros ao ano. Recente missão de empresários esteve no Japão com a intenção de convencer o governo do Japão do contrário.

Oficialmente, a viagem do grupo de empresários e representantes do governo tinha finalidade técnica, ou seja, de explicar que o álcool é um combustível seguro e não causa danos aos veículos.

Para confirmar todas essas explicações, o acordo assinado ontem prevê a contratação da empresa Pacific Consultant International, para verificar as reais condições de produção do País, o potencial de expansão das lavouras brasileiras e a qualidade do produto como complemento ao derivado de petróleo.

Em 2003, o governo japonês regulamentou lei que autoriza a adição de até 3% de álcool à gasolina. Como signatários do Protocolo de Kyoto e até como patrocinador do acordo mundial em defesa do meio ambiente, o Japão terá de melhorar a qualidade da sua gasolina, afirma Bressan.

O combustível japonês não conta atualmente com nenhum aditivo para garantir a sua queima perfeita e, com isso, evitar danos mais elevados ao meio ambiente.

Os japoneses têm razão de suspeitar que o Brasil não poderá ser o único fornecedor de álcool.

Caso seja implementada a lei com o porcentual previsto em seu texto, a demanda corresponderia a 79,6 % do total das exportações brasileiras de álcool em 2004. As vendas externas somaram 2,26 bilhões de litros, segundo a União da Indústria Canavieira de São Paulo (Unica).

O principal destino foram os Estados Unidos, que ficaram com 26,2%. O Japão importou 148,8 milhões de litros, correspondente a apenas 6,6% do total das exportações brasileiras, e mesmo assim, para uso industrial.

Bressan acredita, no entanto, que a pequena disponibilidade de álcool para exportação não se constitui problema. Lembra que, sempre quando se adota uma nova norma, ela é implantada gradativamente.

Neste ano, a oferta ao exterior dificilmente será maior que o volume embarcado no ano passado, acredita o consultor Plínio Nastari, da Datagro.

Para ele, com a expansão do mercado interno, estimulado pela explosão das vendas dos carros bicombustível, a indústria deverá dar prioridade ao consumidor doméstico.

Mesmo com as condições climáticas excepcionais para a próxima safra, os excedentes para atender aos mercado externos deverão ser limitados.

Segundo Nastari, o setor vive uma de suas melhores fases. As perspectivas favoráveis de crescimento do mercado não são limitadas a apenas o curto e o médio prazos. Também anunciam-se oportunidades para o longo prazo, por causa dos preços elevados do petróleo.

A preocupação com fatores ambientais levou os Estados Unidos a misturarem 12 bilhões de litros de álcool à gasolina. O governo americano procura preservar esse mercado para a produção local de álcool, a maior parte a partir do milho.

Segundo Nastari, a demanda por álcool tenderá a se expandir sempre que o preço do petróleo estiver acima de US$ 22 o barril. Como a cotação está um pouco acima de US$ 40 o barril, a produção está convidativa e o cultivo da cana deverá crescer em todo o País.

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