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Brasil e Europa investirão em produção de etanol na África

Transformar a África num pólo de produção de álcool combustível. Este é o objetivo das últimas negociações e estudos entre Brasil e União Européia, oficializadas no começo do mês em Portugal. De acordo com o embaixador da União Européia no Brasil, João Pacheco, desenvolver álcool na África é bom para o Brasil e bom para a Europa. “O Brasil tem grande interesse na promoção dos biocombustíveis no mundo e em não ser o único país a produzir etanol, porque senão não há mercado mundial. Ninguém vai trocar a dependência de 20 países produtores de petróleo pela dependência de um único país produtor de etanol”, contou. “Nós temos também interesse nisso, e temos, ambos, interesse em desenvolver a África. Portanto, vamos começar a trabalhar em parcerias triangulares – Brasil, União Européia e um país da África – para, por exemplo, desenvolver lá a produção de etanol. São coisas muito concretas. No caso bilateral, temos uma série de áreas em que podemos trabalhar mais estreitamente, como bioenergia e pesquisa e desenvolvimento”.

Este será o principal fruto da parceria estratégica entre o Brasil e a União Européia, firmada na primeira cúpula, em Lisboa, que deu status de “país privilegiado” ao Brasil. “As relações são consideradas prioritárias para a atual Presidência portuguesa do bloco europeu”, disse Pacheco.

A idéia é desenvolver o plantio de cana-de-açúcar e outras culturas favoráveis à extração de álcool nas vastas áreas não cultivadas e férteis da África. “Sozinho, e sem prejuízo das demais culturas, o Brasil pode segurar boa parte do abastecimento de álcool no mundo. Mas para que vire commodity, sua produção deveria estar espalhada e envolver uma miríade de produtores, assim como o petróleo”, afirmou o embaixador. Em princípio, a Europa entraria com recursos financeiros enquanto o Brasil entraria com tecnologia. Os estudos para definir valor e locais de plantio ainda não foram concluídos.

Este ano, a União Européia se tornou o maior parceiro comercial do Brasil, representando mais de 24,8 % das exportações e 22,6% das importações, no primeiro semestre de 2007. O saldo comercial é positivo para o Brasil em US$ 6,3 bilhões. “A Europa foi responsável, no primeiro semestre de 2007, por 30% do saldo favorável da balança comercial brasileira. Mas, quando se vê como esse saldo se constrói, é sobretudo pelo avanço das commodities. Com o acordo também será possível, além das commodities, vender mais”, comentou o embaixador

Mercosul

Apesar da proximidade entre o bloco europeu e o Brasil, sobre as negociações comerciais, o embaixador da União Européia destacou que o interesse europeu é fechar um acordo no âmbito do Mercosul. “O mais importante para nós é negociar com o Mercosul como um todo”, comentou.

Pacheco se diz otimista com uma negociação rápida com o Mercosul, uma vez que é o bloco com o qual a União Européia tem as negociações mais avançadas. “O cenário atual é muito melhor do que o de 2004, quando paramos de negociar por divergências de propostas. E o Mercosul, para nós, é um parceiro não só economicamente importante, mas uma maneira de aproximarmos mais regiões que têm uma dinâmica de integração. Temos interesse em investimentos, que são maiores do que temos em outros países emergentes”, completou. “Se houver uma melhor proposta na área de indústria e serviços, fechamos acordo rápido. Podemos fechar o melhor acordo comercial do mundo, mas tem que haver uma contrapartida melhor do que a ofertada na última reunião de Doha”, disse. Apesar de pedir mais flexibilidade, a União Européia não está disposta a ceder mais do que ofereceu durante as negociações da Organização Mundial do Comércio. “Não podemos negociar apenas conosco. Temos que ter contrapartidas para ceder mais. As propostas apresentadas em Doha estão longe de serem suficientes”, disse.

Dentro do Mercosul, o presidente da Associação de Empresas Brasileiras para a Integração do Mercosul (Adebim), Michel Alaby, destacou que no atual momento, um acordo com a União Européia é muito mais vantajoso para o bloco sul-americano do que investir na Área de Livre-Comércio das Américas (Alca). “Apesar da pauta com a Europa ser de produtos básicos enquanto a pauta com os Estados Unidos ser de manufaturados, Alca agora é chover no molhado. O momento político nos Estados Unidos não está bom para negociações comerciais”, destacou Alaby.

Transformar a África num pólo de produção de álcool combustível. Este é o objetivo das últimas negociações e estudos entre Brasil e União Européia, oficializadas no começo do mês em Portugal.

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