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Brasil deve intensificar desenvolvimento de fontes alternativas

Em um setor em que a geração de riqueza gera tantos impactos ambientais, ganha importância a utilização de fontes alternativas de energia, que não causem tantos danos ambientais, em especial, que reduzam o volume de emissões de gases poluentes, como o gás carbônico produzido com a queima de diesel ou óleo combustível utilizado nas usinas termelétricas. Para o professor de Gerenciamento Ambiental do International Institute for Management Development (IMD), Ulrich Steger, diretor do Fórum de Gerenciamento de Sustentabilidade Corporativa e autor do livro “Desenvolvimento Sustentável e Inovações do Setor Energético”, os governos devem elaborar ações que auxiliem no desenvolvimento de novas tecnologias no mercado, para auxiliar que se tornem competitivas o mais rápido possível.

“As fontes renováveis de energia tem apresentado um crescimento veloz. Mas para modificar de forma significativa o sistema energético são necessários 50 anos aproximadamente, o que isso significa que temos de começar agora com mais determinação.” Para ele, o Brasil deveria estimular a produção mais significativa das energias geradas a partir de tecnologias que já possui. “O potencial mais promissor – depois da energia hidrelétrica – é o biogás, que alimenta microturbinas para gerar calor e energia elétrica no mesmo processo.”

O País também possui a tecnologia de transformação de açúcar em energia. “E tem o clima e a estrutura econômica para desenvolver ainda mais esse enorme potencial. Tem energia hidrelétrica, que hoje pode ser obtida com menos impactos do que há duas décadas, e tem um crescente potencial para a energia solar baseada em tecnologia de controle climático.”

O governo brasileiro parece concordar com Steger e elaborou o Programa de Incentivo à Fontes Alternativas de Energia (Proinfa). O programa consiste na contratação, por 20 anos, de 3,3 mil megawatts de energia proveniente de térmicas a biomassa (bagaço de cana-de-açúcar, casca de arroz e resíduo de madeira), eólica e pequenas centrais hidelétricas (PCH) pela Eletrobrás.

Os projetos já foram selecionados e contratados e agora estão em fase de construção, que deverão entrar em operação até o final de 2006. De acordo com estimativas do Ministério de Minas e Energia, o investimento privado será da ordem de R$ 8,6 bilhões, mas os projetos receberão financiamentos do BNDES de até 70% do investimento total.

Alguns governos estaduais também incentivam as fontes alternativas. É o caso de Minas Gerais, onde está concentrado cerca de 50% do potencial para PCHs no País. O governo mineiro lançou um programa de incentivo à construção de pequenas hidrelétricas no estado. A idéia é atrair empresas autorizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a investir em geração de energia. “A Cemig entrará como sócia minoritária, podendo participar de até 49% de cada empreendimento. Para as empresas, o Estado oferecerá linhas de crédito, por meio do Banco de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais”, explicou o superintendente da Assessoria de Gestão e Novos Negócios da estatal mineira, Márcio Maia Ribeiro.

A energia gerada pelas PCHs será vendida aos consumidores potencialmente livres da Cemig. “Esses clientes obtém descontos de 50% nas taxas de uso dos sistemas de distribuição e transmissão. É por meio do abatimento que o programa de pequenas usinas pode ser viabilizado”, afirmou Ribeiro.

Por outro lado, a iniciativa privada também vê nas fontes alternativas um possibilidade de bons negócios. A pernambucana Koblitz, por exemplo, atua nos mercados industrial, de produção independente e comercial. Além das três fontes estimuladas pelo governo federal, a empresa ainda trabalha com cogeração com gás natural, energia solar e térmica a partir de lixo urbano. A empresa já instalou 238 projetos, num total de 1,5 mil MW instalados em 238 projetos. Os projetos são realizados para empresas de diversos setores, que buscam a geração própria, ou até mesmo investimento para a venda de energia para grandes consumidores de energia, que podem negociar diretamente a compra de sua energia, sem passar pela distribuidora.

Nos grandes projetos de geração de energia, a preservação do meio ambiente é, mais que uma atuação pró-ativa, uma obrigação determinada por órgãos governamentais e, portanto, fundamental no progresso dos negócios. “No passado, se buscava o melhor aproveitamento energético, independente do dano ambiental que gerasse. Hoje, se busca o melhor aproveitamento, mas compatível com o impacto que vai causar”, resumiu o gerente de meio ambiente da CPFL, Tarcísio Borin Junior.

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