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Brasil desenvolve ônibus movido a hidrogênio

Num momento em que especialistas do mundo todo discutem em Buenos Aires, na 10 Convenção sobre Mudanças Climáticas da ONU, formas de reduzir suas emissões poluentes, o Brasil anuncia a construção do primeiro ônibus híbrido do país movido a hidrogênio. O veículo, projetado para emitir apenas vapor d’água e quase nenhum ruído, começará a circular experimentalmente no ano que vem. Os protocolos para a construção do ônibus serão assinados hoje.

É um veículo do futuro — resume o coordenador do projeto, Paulo Emílio Valadão de Miranda, chefe do Laboratório de Hidrogênio da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). — Ele abre caminho para a anunciada economia do hidrogênio. Emite pouco ruído e tem como único resíduo o vapor d’água.

A idéia de se desenvolver um veículo movido a um combustível alternativo é motivada, basicamente, por duas razões, como explica Miranda. A primeira delas está relacionada ao declínio da produção mundial de petróleo e ao conseqüente aumento do preço dos combustíveis convencionais. No caso específico do Brasil, o diesel usado para abastecer a frota mais pesada é importado, o que tem um impacto negativo na balança comercial do país. A segunda razão é ambiental, está relacionada às emissões poluentes.

Durante milhões de anos, a natureza concentrou carbono e, em muito pouco tempo, um volume enorme está sendo lançado na atmosfera, afetando a saúde das pessoas e o meio ambiente — avalia o coordenador do projeto.

O hidrogênio não existe em estado puro na natureza. Mas pode ser obtido por meio de reações sustentáveis, feitas a partir da água, de rejeitos como palha de arroz ou bagaço de cana, ou de resíduos como esgoto e estrume de gado. Também pode ser obtido a partir do gás natural, a forma mais barata, embora menos sustentável.

Petrobras vai construir posto de hidrogênio

O ônibus é dotado de pilhas combustíveis, um dispositivo usado por astronautas que, ao ser alimentado com hidrogênio, produz eletricidade e vapor d’água. O veículo também é dotado de baterias, alimentadas continuamente pela energia elétrica gerada por reação química.

O inédito projeto híbrido do protótipo nacional faz com que ele custe a metade do valor dos similares europeus, atualmente na faixa de 1,5 milhão de euros (cerca de R$ 5,5 milhões). Em todo o mundo, existem atualmente 80 veículos movidos a hidrogênio, todos eles experimentais.

O ônibus tem autonomia para rodar 300 quilômetros (similar à dos ônibus convencionais) e capacidade para transportar 109 passageiros. A partir do ano que vem, ele circulará experimentalmente na Ilha do Fundão, onde a Petrobras prevê a construção de um posto de abastecimento de hidrogênio.

O hidrogênio é o combustível do futuro, isso é inexorável — sustenta Miranda. — Ainda é caro, mas temos tudo para baratear essa produção, sobretudo aproveitando o potencial de nossas hidrelétricas.

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