Mercado

Brasil defende etanol no G-20

Na última semana durante o encontro do G-20 em Paris, por defender o etanol, o Brasil confrontou a China e a Rússia por causa da demanda dos dois países que faria com que a política brasileira de biocombustível fosse sujeita à segurança alimentar global. A polêmica surgiu por causa de um parágrafo que incentivava os países a produzirem etanol a partir de plantas que não concorressem com a produção de alimentos, e a diminuirem suas exigências de uso de biocombustíveis no transporte.

Na ocasião, o diplomata brasileiro Luis Balduíno Carneiro, disse que a política de etanol não seria discutida em nível internacional e nem em meio a um plano de segurança alimentar ainda indefinido.

No entanto, o representante russo argumentou que o G-20 tentava garantir segurança alimentar no mundo. Já a China foi mais fundo e polemizou ao apontar que a produção de biocombustíveis seria a responsável pelo aumento de preços dos alimentos e que seria um problema de segurança alimentar.

De uma forma geral, os ministros do G-20 entraram num consenso de que seria preciso aumentar a produção agrícola e dar mais transparência e previsibilidade ao mercado, para tentar diminuir a volatilidade de preços dessas commodities no futuro.

O plano proposto pela França aos ministros da Agricultura inclui linhas de ação para aumentar a produção e a produtividade, além de criar mecanismos de informação para dar transparência aos mercados. A França quer a coordenação de políticas internacionais e a criação de mecanismos para reduzir os efeitos da volatilidade dos preços para os países mais vulneráveis, além de algum grau de regulação dos mercados financeiros.

Wagner Rossi, ministro da Agricultura, informou que o Brasil é favorável às linhas gerais do plano apresentado pelo governo Sarkozy, mas que não se pode restringir os preços. Ele defende a formação de estoques humanitários de alimentos, um dos temas discutidos pelos ministros dos 20 países.

Ele também considera positiva a proposta de criação de um sistema de informação dos mercados agrícolas, a ser conduzido pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). O sistema teria como objetivo reunir informações sobre os níveis mundiais de produção de alimentos, bem como consumo e até estoques de commodities como milho, soja, arroz e trigo.

“O Brasil não é apenas favorável a esse mecanismo como já o adota há muitos anos. Todas as informações sobre a agricultura brasileira estão disponíveis nos portais de órgãos governamentais na internet, como o do próprio Ministério da Agricultura, da Embrapa e da Conab, além do Ministério do Desenvolvimento Agrário”, destacou.

De acordo com o ministro, o único mecanismo que existe para reduzir os preços é ampliar a oferta de alimentos. “Por 30, 40 anos, os preços dos alimentos permaneceram baixos e ninguém procurou o Brasil para discutir sobre tal fenômeno”, apontou. A posição do Brasil é compartilhada pela Argentina e outras nações.

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