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Brasil corre para atender demanda mundial por álcool

O setor industrial de produção de álcool carburante no Brasil, o maior do mundo, está se esforçando para ampliar a infra-estrutura portuária a tempo de poder atender o aumento esperado na demanda mundial pelo biocombustível.

Estimativas sobre o aumento das exportações de álcool pelo Brasil no curto e médio prazo variam bastante, mas há um consenso entre analistas de que o país terá de investir muito em infra-estrutura nos portos se quiser continuar elevando os embarques além de 2010.

“Os portos vão precisar de investimentos de 800 milhões de reais se o Brasil quiser fazer frente à estimativa de exportar 10 bilhões de litros de álcool por ano”, afirmou Fernando Fleury, professor de Logística da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

A Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), a trading Coimex e a Transpetro, braço logístico da Petrobras, estimam que as exportações de álcool subiriam para algo em torno de 8 a 10 bilhões de litros por ano em alguns anos.

Prever o volume de exportações de álcool, mesmo no curto período, tem sido difícil. O Brasil exportou 2,5 bilhões de litros do biocombustível em 2004, volume recorde, 135 por cento maior que o do ano anterior e acima de todas as previsões.

Mas o mercado mudou neste ano, com a valorização do dólar e a recuperação da produção na Índia, que havia sido o segundo maior comprador do produto em 2004, devido a uma seca que reduziu sua produção de álcool (o país mantém um programa de mistura do produto à gasolina, assim como o Brasil).

A consultoria Datagro estima, de forma mais conservadora, que as exportações em 2005 cairão para 2,3 bilhões de litros e que os embarques atingirão cerca de 6 bilhões de litros até 2010.

Mas, tirando o Brasil, países têm sido lentos em adotar o álcool de maneira mais ampla, misturando-o à gasolina. As estimativas de aumento das exportações brasileiras têm se baseado na possibilidade de o Japão tornar obrigatória mistura entre 2 e 5 por cento, que hoje é voluntária.

Os elevados preços do petróleo e a necessidade de reduzir emissões de gases poluentes são fatores de pressão para que países reconsiderem suas matrizes energéticas, mas é incerto se poderão colocar em prática programas de uso do álcool –ou se poderão se apoiar no Brasil, o único grande exportador mundial do produto, para suprir suas necessidades.

SEM GARGALOS NO MOMENTO

Não são esperados problemas logísticos neste ano, já que as exportações deverão recuar um pouco, e investimentos portuários já em curso devem ser suficientes para atender à demanda da Índia, UE e Venezuela, entre outros, nos próximos anos.

“Em algumas semanas o TEAS, novo terminal de álcool, vai começar a funcionar em Santos”, afirmou Paulo Costa, da área de desenvolvimento da Crystalsev, maior grupo exportador de álcool do Brasil.

A Crystalsev tem 38 por cento de participação no TEAS, que também tem como parceiros a Cosan, maior empresa brasileira do setor de açúcar e álcool, a Nova América e a Cargill.

O investimento no projeto é de 11,5 milhões de dólares, para área de armazenamento de 40 mil metros cúbicos e melhoramentos nos berços. O terminal terá acesso por linha férrea.

“Atualmente só 10 por cento do álcool que sai de Santos vem por trens. Queremos que isso chegue a 50 por cento em 3 anos”, afirmou Costa. “Só para te dar uma idéia, 600 milhões de litros de álcool por ano iriam precisar de 20 mil caminhões para serem transportados.”

“O terminal vai ter capacidade de embarcar 1 bilhão de litros por ano. Em meados de 2006, o volume será dobrado”, afirmou Plinio Nastari, presidente da Datagro, que tem uma participação de 2 por cento no TEAS. O novo terminal vai ampliar de 4,6 para 5,6 bilhões de litros a capacidade de exportação do Brasil no ano que vem.

Outros portos também estão recebendo investimentos. Paranaguá está expandindo seu terminal de líquidos para poder armazenar até 35 mil metros cúbicos.

Fleury, da UFRJ, diz que boa parte dos investimentos previstos irão para o terminal de Ilha DÁgua, no Rio.

Um estudo da Transpetro analisa a possibilidade de uma estrutura para álcool no norte do Rio.

No Nordeste, onde está cerca de 15 por cento do setor de açúcar e álcool do Brasil, produtores estudam expansões em Pernambuco, Maceió e Rio Grande do Norte.

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