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Brasil busca bactéria para fazer biocombustível

Pesquisadores brasileiros vão mergulhar fundo na busca de bactérias que possam atuar na produção de biocombustíveis.Fundo mesmo, a cerca de dois mil metros de profundidade, que é onde se encontra a Elevação do Rio Grande, no Atlântico. Pesquisadores brasileiros vão mergulhar fundo na busca de bactérias que possam atuar na produção de biocombustíveis.Fundo mesmo, a cerca de dois mil metros de profundidade, que é onde se encontra a Elevação do Rio Grande, no Atlântico. Em torno dessa cadeia de montanhas submarinas, localizada a três mil quilômetros de distância da costa do Rio Grande do Sul, cientistas da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) vão fazer um trabalho de bioprospecção de microorganismos marinhos.

— Vamos coletar e estudar bactérias marinhas produtoras de enzimas celulases e lipases — explica o biólogo da Univali André Oliveira de Souza Lima, coordenador do projeto.

— Essas enzimas podem ser usadas em diferentes processos industriais, como o setor têxtil, de detergentes, de produção de couro e também em biocombustíveis. Afinal, a decomposição da celulose está na base da produção do biodiesel.

O trabalho de bioprospecção da equipe de André é, na verdade, um subprojeto de um subprojeto. Sem demérito algum. Ele faz parte do Mar-Eco, que pesquisa a biodiversidade das cadeias do Atlântico Sul. O Mar Eco, por sua vez, é um dos um dos 17 projetos paralelos do Censo da Vida Marinha, um estudo internacional, iniciado em 2000, envolvendo 1.700 cientistas de mais de 70 países. Mais ambiciosa empreitada para revelar a biodiversidade dos oceanos, seu objetivo é fazer um levantamento de toda a vida no mar. Apenas 230 mil espécies são conhecidas, mas estima-se que xistem dois milhões ainda a descobrir nos oceanos.

— O foco da nossa viagem é o estudo da biodiversidade marinha daquele ambiente de águas profundas. O foco é o Mar-Eco — conta o biólogo. — Dentro desse contexto, vamos fazer o nosso trabalho, bastante específico, que é a prospecção dessas bactérias.

Tolerância à grande variação de pressãoDe acordo com o pesquisador da Univali, bactérias de mares profundos possuem características próprias, já que se adaptaram a esses ambientes. Características que, segundo ele, podem ter um grande valor econômico.

— Esses organismos toleram uma grande variação de pressão, por exemplo. E isso pode ser extremamente útil para aplicações industriais, já que elas podem ser mais resistentes.Já estudei uma bactéria que veio de um ambiente similar, as fossas termais, e ela suportava temperaturas de até 95 graus Celsius. Isso dá uma idéia de como esses organismos são singulares.

O projeto de bioprospecção de microorganismos da Univali teve seu financiamento garantido recentemente pelo International Centre For Genetic Engineering And Biotechnology (ICGEB), uma ONG que investe em pesquisas de ponta em países em desenvolvimento. Financiamento que vai ser direcionado, entre outras coisas, para a tecnologia de coleta desse material.

— Qualquer que seja a embarcação que utilizarmos, ela precisará estar adaptada a esse tipo de trabalho. Isso inclui o uso de cabos de aço de grande extensão, com uma espécie de alçapão, que vai coletar os sedimentos no fundo do mar.

São esses sedimentos que contém as bactérias que estamos procurando.

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