A Bonsucro publicou nesta segunda-feira (17), o “Padrão de Produção Bonsucro” revisado com novos requisitos para lidar com riscos globais críticos, como emissões de gases de efeito estufa, água, biodiversidade e respeito aos direitos dos trabalhadores no setor de cana-de-açúcar.
O Padrão de Produção Bonsucro é a estrutura mais reconhecida mundialmente para a produção sustentável de cana-de-açúcar. Trata-se de uma ferramenta abrangente e métrica que permite que agricultores e usinas aprimorem e certifiquem suas práticas como sustentáveis – e oferece aos compradores garantia na hora de adquirir cana e seus derivados.
“Nosso relatório de impacto demonstra que os produtores de cana-de-açúcar certificados Bonsucro reduzem consistentemente suas emissões de gases de efeito estufa e uso de água, e criam ambientes de trabalho mais seguros tanto nas fazendas quanto nas usinas”, afirma a entidade.
“Essa revisão completa garante que ela atenda aos desafios sociais e ambientais atuais, bem como aos desafios esperados no futuro. O novo Padrão está disponível hoje, mas entrará em vigor a partir de setembro de 2022”, avisa. Os padrões são atualizados a cada cinco anos.
O processo de revisão da Norma foi liderado por um grupo de trabalho com 20 membros com diversas especialidades. O Conselho Técnico Consultivo da Bonsucro estabeleceu um escopo claro para a revisão do Padrão, que foi informado por uma pesquisa pré-consulta.
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As áreas incluídas no escopo foram resiliência às mudanças climáticas: gestão da água e desmatamento zero; condições de trabalho: trabalho forçado, condições de vida e salário digno. Além disso, o secretariado solicitou ao Grupo de Trabalho que observe a aplicação do Padrão Bonsucro fora da unidade de certificação. Deve alinhar o máximo possível com os outros Padrões Bonsucro, introduzindo um princípio sobre sistemas de gestão e levar em consideração questões registradas pela secretaria decorrentes da implementação da norma atual.
Durante o processo de revisão, foram realizadas duas consultas públicas bem-sucedidas sobre as alterações preliminares para que nossos membros pudessem se manifestar.
Mudanças no Padrão – resiliência às mudanças climáticas
Historicamente, o Padrão de Produção tem informado as melhores práticas agrícolas em cana-de-açúcar. Os dados de certificação demonstram que as usinas certificadas reduzem as emissões de gases de efeito estufa em 5,5% após apenas um ano de certificação. O novo Padrão se baseia nesse sucesso e fortaleceu sua metodologia de cálculo de gases de efeito estufa, que revelará onde as emissões são mais altas e permitirá que os produtores tomem medidas para reduzi-las.
O plano de gestão de impacto ambiental exigido anteriormente foi agora dividido em indicadores separados sobre gestão do solo, gestão da água, gestão de agroquímicos e gestão da biodiversidade. Os produtores podem então usar os dados coletados para moldar os planos de gestão ambiental.
“Como a cana-de-açúcar é cultivada em países com ambientes climáticos significativamente diferentes, os produtores agora serão solicitados a considerar as condições locais, como o nível de chuva, ao avaliar a produtividade da irrigação. Para desenvolver os indicadores sobre a eficiência do uso da água, fizemos parceria com os principais especialistas, como a Alliance for Water Stewardship e o WWF”, informa a Bonsucro.
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O Padrão anterior tinha uma política de desmatamento zero para florestas legalmente protegidas. Durante a revisão, a Bonsucro reforçou sua postura em relação ao desmatamento com um novo indicador informando que nenhuma terra incluída na certificação pode ser convertida de um ecossistema natural em terra agrícola – seja para cana-de-açúcar ou outras culturas.
Mudanças na Norma – condições de trabalho
O Padrão de Produção sempre exigiu que os trabalhadores mais mal pagos ganhassem o salário-mínimo nacional e, em média, as fazendas certificadas pagam 19% acima do mínimo nacional. O novo Padrão vai mais longe – os operadores agora devem rastrear os salários existentes em relação a uma matriz de salário-mínimo sob medida. “Os dados coletados revelarão a diferença entre os salários reais e o salário-mínimo”, explica.
Os trabalhadores dos canaviais podem enfrentar condições climáticas adversas que podem levar a problemas de saúde e até a morte. Para lidar com esse risco, o Padrão reforça o trabalho com a Iniciativa Adelante, que se concentra na necessidade de os agricultores protegerem a saúde de seus trabalhadores. Para gerenciar o estresse térmico, os trabalhadores devem ter descanso suficiente, sombra, água potável e saneamento adequado no campo.
Dentro do Padrão de Produção, operam com uma política de não discriminação de gênero. No entanto, as operações de cana-de-açúcar e o trabalho de campo são dominados por homens. Assim, a Bonsucro vem abordando diretamente o desequilíbrio de gênero com um novo indicador que exige que pelo menos 15% dos cargos de gestão e qualificação sejam nomeados para mulheres. Além disso, solicitam aos operadores que considerem a saúde mental de seus trabalhadores em seus planos de gestão de saúde e segurança.
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Nosso novo Padrão de Produção se baseia em dez anos de sucesso e aprendizado. Nós o adaptamos para abordar algumas das questões de sustentabilidade mais urgentes, como desmatamento, uso da água e salário-mínimo. Estou orgulhoso das mudanças que fizemos no Padrão e confiante de que trará um impacto positivo notável na produção de cana-de-açúcar”, conclui Danielle Morley, CEO da Bonsucro.