Bonança no agronegócio
O agronegócio brasileiro gerou um saldo comercial (exportações menos importações) de US$ 38,4 bilhões em 2005, apresentando um crescimento de 12,54% em relação ao ano anterior, a despeito da valorização cambial. Esse desempenho resultou em 86% do saldo comercial total (US$ 44,76 bilhões) e provém de uma série de fatores favoráveis, que transformaram o país no maior exportador mundial de carne bovina, café, suco de laranja e açúcar, aproximando-se dos líderes em soja, carne de aves e de porco.
As terras agricultáveis são abundantes e relativamente baratas. Estima-se que a produção agrícola poderia expandir-se por mais 90 milhões de hectares sem atingir a floresta amazônica. A Embrapa promoveu avanços tecnológicos, favorecendo a conquista do cerrado com variedades de soja, por exemplo. O BNDES financiou a modernização dos implementos agrícolas.
Esses fatores foram potencializados pelos preços internacionais em alta, impulsionados pela forte demanda chinesa e por um câmbio competitivo, até meados de 2004.
Em 2005, no entanto, os preços internacionais desaceleraram e o real continuou a se valorizar, comprimindo as margens de lucro das atividades exportadoras. Isso desencadeou uma crise de liquidez no setor, intensificada pelas dificuldades na liberação do financiamento da próxima safra. O IBGE prevê recuperação em 2006, com alta de mais de 10% na produção agrícola, liderada por aumentos de produtividade.
Para preservar o dinamismo do agronegócio, além do ajuste na taxa de câmbio, é preciso reduzir as deficiências na defesa sanitária, a fim de evitar novo surto de febre aftosa; melhorar a infra-estrutura logística, aperfeiçoando os corredores de exportação; aprimorar os mecanismos de financiamento; e favorecer inovações técnicas nas cadeias produtivas.
Outro tema importante em que praticamente não se avançou e que pode se tornar um gargalo até desastroso à frente é o seguro das atividades rurais. Os produtores continuam com pouca garantia de renda futura num setor propício a contingências.
