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Bom para o Brasil e para os EUA

Na semana passada os jornais e tevês norte-americanas ocuparam boa parte de seu espaço editorial com a discussão sobre se o etanol seria a resposta para criar uma alternativa energética aos Estados Unidos no tocante ao setor automotivo, já que os desafios com custos de desenvolvimento (que, claro, serão repassados aos consumidores) dos carros híbridos (a gasolina e eletricidade) e os movidos a célula de hidrogênio ainda não têm uma solução comercial no curto prazo.

O assunto que já era recorrente desde o aumento expressivo do barril do petróleo nos últimos dois anos, tomou força com a declaração do presidente George W. Bush, que prometeu criar um fundo de pesquisa para o desenvolvimento de métodos de produção do etanol, para substituir até 2025 pelo menos 75% da importação de petróleo do Oriente Médio.

No discurso não deixou de citar o Brasil, como um bom exemplo na utilização do álcool, como fonte renovável de energia. CNN, Wall Street Journal, New York Times, USA Today também citaram nosso País em suas páginas, com destaque para o sucesso dos automóveis flex fuel, que podem utilizar gasolina ou álcool no mesmo tanque, em qualquer proporção.

É bem verdade que foram eles, os norte-americanos, que iniciaram a comercialização de carros flex. Só que, com gasolina barata e falta de infra-estrutura (postos) para o etanol, nunca tiveram êxito em termos de volume e aceitação. É a antítese do cenário brasileiro, no qual o flex fuel surgiu da necessidade dos usuários, que muito antes da tecnologia ser aplicada aos veículos, já faziam o velho e conhecido “rabo-de-galo”, misturando deliberadamente o álcool hidratado no tanque de seu carro a gasolina.

A tecnologia flex fuel desenvolvida aqui, por sistemistas juntamente com as montadoras teve muitos desafios, entre eles o custo. Enquanto no sistema utilizado nos EUA, apenas um dos sensores, que fica dentro do tanque de combustível, chega a custar US$ 500, no Brasil a tecnologia teve de duelar com os custos, principalmente, no tão competitivo segmento de carros 1.0 litro. A capacidade da engenharia aliada à criatividade do brasileiro, conseguiram criar um sistema tecnologicamente complexo que reduziu pares de sensores a apenas um, porém com a mesma eficiência do modelo estadunidense. Resultado: o custo do sistema brasileiro hoje é quatro vezes menor que o sistema de norte-americano.

Se mãe é aquela que ajuda a crescer e cuida, e não simplesmente a que “coloca no mundo”, podemos dizer que, sim, que o Brasil é o celeiro dos veículos flex fuel.

Hoje, não há como pensar no lançamento de um automóvel no Brasil sem pensar em equipá-lo com a tecnologia bicombustível.

Todos os modelos de automóveis nacionais da General Motors, por exemplo, hoje, contam com o sistema flex fuel.

Segundo a Anfavea, que reúne as montadoras, os carros flex já representam 70% das vendas de novos. Apenas três são genuinamente a gasolina, álcool ou diesel, número que tende a diminuir ainda mais no curto prazo.

Se o petróleo é nosso? Se carro a álcool, você ainda vai ter um… O que eu posso dizer hoje é que o carro flex é o exterminador das incertezas, a versão politicamente correta da Lei de Gérson, a real coroa que premia o consumidor com o poder da escolha. E que bom ser ilimitado. Antigamente, quantas vezes ouvi dizer que o que era bom para os EUA era bom para o Brasil. Agora, graças à criatividade e capacidade do brasileiro, o que é bom para o Brasil é bom também para os Estados Unidos!

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