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Bolsonaro indica general para ser o novo presidente da Petrobras

Fato pode ser um duro golpe para o setor sucroenergético

O Diretor-Geral da Itaipu Binacional, Joaquim Silva e Luna, participa de audiência pública na comissão de minas e energia da Câmara dos Deputados.
O Diretor-Geral da Itaipu Binacional, Joaquim Silva e Luna, participa de audiência pública na comissão de minas e energia da Câmara dos Deputados.

O presidente Jair Bolsonaro anunciou a troca no comando da Petrobras. Na noite da última sexta-feira (19), em postagem nas redes sociais, Bolsonaro compartilhou uma nota oficial do Ministério das Minas e Energia (MME) que informava a indicação do general Joaquim Silva e Luna para o cargo de presidente da empresa.

Silva e Luna vai substituir Roberto Castello Branco, que está no cargo desde o início do governo, em janeiro de 2019.

Para ocupar a vaga deixada por Silva e Luna, que ocupava o cargo de diretor-geral brasileiro da usina hidrelétrica Itaipu Binacional, Bolsonaro indicou o general de reserva do Exército João Francisco Ferreira.

A mudança na Petrobras ocorre em meio a recentes aumentos no preço dos combustíveis e um dia depois do governo anunciar que vai zerar os impostos federais que incidem sobre o gás liquefeito de petróleo (GLP) – o gás de cozinha – e o óleo diesel.

Ao participar da cerimônia de formatura de alunos da Escola Preparatória de Cadetes (EspCEx), em Campinas – SP, no sábado (20), Bolsonaro disse que deve realizar novas mudanças em cargos do governo nesta semana, mas sem detalhes. “Preciso trocar as peças que por ventura não estejam dando certo”.

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Em comunicado, a Petrobras informou que recebeu ofício do Ministério das Minas e Energia, solicitando providências para convocar uma Assembleia Geral Extraordinária, com o objetivo de promover a substituição e eleição de membro do Conselho de Administração, e indicando Joaquim Silva e Luna, em substituição a Roberto da Cunha Castello Branco.

“A União propõe, em função da última Assembleia Geral Ordinária ter adotado o voto múltiplo, que todos os membros do Conselho de Administração sejam, imediatamente, reconduzidos na própria Assembleia Geral Extraordinária, para cumprimento do restante dos respectivos mandatos”, afirma a Petrobras.

Ainda de acordo com a Estatal, o ofício solicita ainda que Joaquim Silva e Luna seja, posteriormente, avaliado pelo Conselho de Administração da Estatal para o cargo de presidente. “A Petrobras esclarece que o presidente Roberto Castello Branco e demais diretores executivos da empresa tem mandato vigente até o dia 20 de março de 2021”, conclui.

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Demissão do presidente da Petrobras poderá impactar mercado de preços do açúcar

A demissão de Castelo Branco e intervenção de Bolsonaro na Petrobras indica controle populista de preços dos combustíveis e deve pressionar preços do etanol e prejudicar usinas, mesmo erro cometido pelo governo Dilma.

Neste contexto, Arnaldo Luiz Corrêa, da Archer Consulting, afirma que a demissão do presidente da Petrobras pode ser um duro golpe para o setor sucroenergético. “Esse é um cisne negro que pode mudar a trajetória de preços do açúcar no mercado internacional e pode ser um duro golpe para o setor sucroalcooleiro”, afirmou.

Corrêa lembrou que a Petrobras é uma empresa e existe para dar lucro, seguindo os preços internacionais do petróleo repassando-os para o consumidor. “O seu (Jair Bolsonaro) despreparo é tão grande que ignora que na formação do preço ao consumidor 53% refere-se ao preço do petróleo no mercado internacional convertido em reais e os outros 47% são taxas/impostos/tributos e margem de comercialização de postos e distribuidoras”, afirmou em boletim publicado no sábado (20).

Para o consultor, as perspectivas indicam que, certamente, a Estatal vai abandonar a política de transparência na formação de preços e “todo o brilhante trabalho iniciado por Pedro Parente, cujo comando fez a empresa voltar a dar lucro depois de quatro anos seguidos de prejuízo, vai por água abaixo”, ressaltou, destacando que isso deve afastar os investidores estrangeiros do Brasil.