Usinas

Bolsonaro inaugura primeira planta de biogás da Raízen

Fábrica tem capacidade para abastecer cidade como Araraquara (SP)

O presidente Jair Bolsonaro inaugura uma fábrica de biogás da empresa Raízen
O presidente Jair Bolsonaro inaugura uma fábrica de biogás da empresa Raízen

A Raízen inaugurou nesta sexta-feira (16), a sua primeira planta de biogás em evento presencial, que contou com a participação de lideranças do setor sucroenergético e autoridades, entre elas, o presidente da República, Jair Bolsonaro, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Com construção iniciada em 2018, a unidade é fruto de uma joint venture entre a Raízen e a Geo Energética e tem capacidade instalada de 21 MW. Trata-se de uma das maiores fábricas de biogás do mundo e a primeira em escala comercial a utilizar a conversão da torta de filtro e da vinhaça, subprodutos do processo produtivo de etanol e açúcar, voltada para geração de energia elétrica.

A unidade aproveitará sua localização estratégica junto à usina Bonfim, em Guariba (SP), que processa aproximadamente 5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano. Assim, a planta de biogás operará durante todo o ano, produzindo energia durante a safra a partir do processamento da vinhaça, e, na entressafra, a partir do processamento da torta de filtro. “Com esse empreendimento, intensificamos esforços e colaboração para produzir biogás a partir do reaproveitamento de resíduos com objetivo de entregar uma energia limpa, renovável e com um potencial de desenvolvimento contínuo”, explicou o CEO da Geo Energética e presidente do Conselho da Abiogás, Alessandro Gardemann.

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A produção anual da planta será de 138 mil MWh/ano, o suficiente para abastecer a cidade de Araraquara, no interior paulista. Do total de energia gerada, 96 mil MWh serão vendidos dentro de um contrato negociado em leilão de 2016 no qual a Raízen foi a vencedora. O valor excedente de energia poderá ser negociado no mercado livre ou outros contratos.

De acordo com Ricardo Mussa, presidente da Raízen, o projeto amplia o portfólio sustentável da companhia, sendo um passo relevante em direção à matriz energética cada vez mais limpa que o Brasil merece.

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Ricardo Mussa, presidente da Raízen; Raphaella Gomes, diretora de Transição Energética e Investimentos da Raízen e Alessandro Gardemann, CEO da Geo Energética e presidente do Conselho da Abiogás.

“Estamos aqui para celebrar um marco importante na história da Raízen, uma empresa que já nasceu com a vocação de ser sustentável. Construímos uma trajetória vibrante, de inúmeras conquistas e realizações ao longo dos últimos 10 anos e nos consolidamos como uma empresa integrada em energia, atuando em toda a cadeia produtiva da cana, comercialização logística e distribuição de combustíveis”, disse.

Mussa reforçou que o biogás aumenta em 50% a produção de energia elétrica sem a necessidade de um hectare a mais de área plantada com uma tonelada de cana, ou seja, um claro exemplo de economia circular e um avanço no conceito de usina para um ecossistema completo, a biorrefinaria. “O Brasil é referência quando se fala em fontes renováveis de energia. O biogás é uma fonte que soma à base de energia limpa de forma complementar às demais fontes renováveis que já existem no Brasil e é uma vitória da Raízen, da sociedade e do país”, disse.

O executivo informou ainda que o próximo passo é usar o biometano, um dos processos que a nova unidade pode propiciar, para abastecer a frota de caminhões da empresa, que passa de 4 mil unidades, envolvendo todas as operações de logística e distribuição.

Mizutani: novo ciclo

“A partir da inauguração podemos confirmar uma série de premissas do projeto inclusive as externalidades, como o biometano. Confirmando isso, não tem motivo para ter novas plantas”, completou Raphaella Gomes, diretora de Transição Energética e Investimentos da Raízen.

Pedro Mizutani, conselheiro da Cosan, ressaltou a importância do momento e da fábrica, que teve a sua concepção iniciada há oito anos. “Essa planta de biogás vai promover mais energia limpa para o Brasil. É o início de um novo ciclo de produção de energia renovável”, assegurou.

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Ometto: sempre tivemos foco em extrair o máximo da cana-de-açúcar

O presidente do Conselho de Administração da Raízen, Rubens Ometto, disse se sentir orgulhoso da Cosan e Raízen estarem na vanguarda das inovações, sendo pioneiras em vários processos. “Sempre tivemos foco em extrair o máximo da cana-de-açúcar“, disse, comentando que só 1/3 da energia contida em uma tonelada de cana vem da sacarose, de onde se tira o açúcar e o etanol; os outros 2/3 vêm da palha e bagaço da cana, que passaram a ser usados pela empresa.

Ometto manifesto ainda sua revolta em relação à campanha mundial sobre a questão ambiental e afirmou que o Brasil não pode cair em “armadilhas”. “Nós temos a matriz energética mais limpa do mundo, temos o maior absorvedor de CO2 do mundo, o maior produtor de oxigênio, que é a Amazônia”, disse.

O fundador da Cosan ressaltou ainda que é preciso sair da defensiva e ir para o ataque e que o Brasil precisa ter um programa de marketing e fazer pressão política. “Temos muitas ideias neste sentido e hoje foi o início de uma relação que eu quero cada vez mais próxima, do governo do presidente Bolsonaro, do ministro Bento (Minas e Energia), para que possamos atingir esses objetivos”, concluiu.

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Planta de biogás tem capacidade para gerar energia para abastecer uma cidade como Araraquara, no interior de SP

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, destacou a importância do empreendimento para o Brasil. “O biogás e biometano, além de serem utilizados para geração de energia elétrica, podem também substituir o óleo diesel nos ônibus, caminhões e máquinas agrícolas. Ou mesmo, no caso do biometano, ser injetado na rede de gasodutos, sendo consumido como substituto do gás natural. Temos aí a aprovação, em breve, do novo marco do gás (em tramitação no Congresso) e não tenho dúvida que essa nova indústria também vai se associar a isso, o que vai ser importantíssimo para a reindustrialização do país”, disse Albuquerque.

Segundo ele, o potencial de produção de biogás no Brasil, somente a partir da vinhaça, pode atingir em 2030 até 45 milhões de metros cúbicos por dia, o que corresponde a mais de duas vezes o volume médio de gás natural importado da Bolívia em 2019.

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Com a camisa da Raízen, Bolsonaro elogiou a  empresa e Rubens Ometto por acreditarem e investirem no Brasil

Para o ministro a diversificação da matriz energética se traduz em segurança energética e contribui para a transição em direção à economia de baixo carbono. De acordo com o ministro, os derivados de cana-de-açúcar respondem atualmente por mais de 17% da matriz energética brasileira e para 2030 será mais de 19%.

O presidente Jair Bolsonaro elogiou o trabalho da Raízen, por levar o projeto da fábrica de biogás adiante, e disse que quer estimular mais empresários do Brasil a investirem no país. “Só tenho a cumprimentá-los, a cumprimentar o senhor Ometto pela coragem de empreender. E ele sabe, cada vez mais, que hoje em dia conta com um parceiro de peso, que é o chefe do Poder Executivo e seus ministros para os seus empreendimentos”, disse.

Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, disse que a cadeia sucroenergética é um exemplo de sustentabilidade para o mundo e tem contribuído para recuperação de áreas de preservação permanente e recomposição da flora e fauna. “A qualidade do ar nos grandes centros (brasileiros) é muito melhor que em vários outros países graças ao etanol. Agora, a nossa esperança é que os veículos de transporte coletivo, passem a ser alimentados com o biometano produzido a partir da vinhaça. Será mais um exemplo para o mundo”, disse, completando. “O Brasil tem demostrado conciliar a produção agrícola e agropecuária com sustentabilidade, apoiado em um Código Florestal que nenhum outro país tem e em um setor que investe, respeita e trabalha pelo seu país e pelo mundo”, concluiu.

Esta matéria faz parte da edição de outubro do JornalCana.

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