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BNDES quer ampliar crédito à exportação

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, informou ontem que estão evoluindo bem as negociações com o Ministério da Fazenda e o Banco Central (BC) para a criação de um fundo no exterior para operações de financiamento do comprador (estrangeiro) de produtos ou serviços brasileiros. A demanda para 2008 desse tipo de operação, chamado de financiamento pós-embarque, é, segundo Coutinho, de aproximadamente US$ 10 bilhões. O novo fundo aliviaria as pressões sobre as fontes internas. Entre tudo o que poderá financiar, no Brasil e no exterior, e os projetos que aprovou, o banco precisa captar mais R$ 30 bilhões para o ano que vem.

“Como as reservas estão altas, é possível coordenar as operações do Tesouro e do Banco Central para agregar funding ao BNDES”, explicou. Essas operações no exterior terão, segundo Coutinho, várias fontes de financiamento e surgiu essa idéia que poderá ou não usar parte das reservas internacionais que estão em mais de US$ 175 bilhões. Ele advertiu que a relação desse fundo em moeda estrangeira com o fundo soberano estudado pelo governo, também é outro aspecto que compete à Fazenda e ao BC decidirem.

Coutinho não explicou como esse fundo será capitalizado, informando apenas que as decisões técnicas de como serão as operações cabem ao Tesouro Nacional e Banco Central. Na avaliação do presidente, a arquitetura desse novo fundo para lastrear operações externas do BNDES não vai perturbar o superávit primário porque os aportes não são contabilizados como despesa. Além disso, não vai significar duplicidade de atuação no mercado de câmbio. “Um funding em moeda estrangeira para ser usado no exterior vai ajudar a substituir fontes e aliviar a pressão sobre o funding do BNDES”, comentou. O presidente alertou que esses recursos não serão usados em operações domésticas.

Na atual conjuntura de crescimento econômico e internacionalização das empresas brasileiras, Coutinho afirmou que a presença do BNDES é indispensável porque os bancos privados ainda têm como obstáculos para financiar operações externas o alto compulsório e a taxa Selic. “Competitividade não é só para o mercado doméstico. Países ricos, China, Coréia e Índia têm seus eximbanks com taxas baixíssimas, o que exige algo compatível para o nosso exportador”, comparou. Nesse ambiente transitório, ele defendeu que o BNDES tem de cumprir o importante papel de financiar a formação de capital.

Na medida em que o país tem uma reativação dos investimentos internos, o setor de bens de capital torna-se mais competitivo. “Estamos vendo o renascimento do setor naval. O objetivo não é só ter um setor naval competitivo mas também participar do mercado global de investimentos”, avaliou.

O presidente do BNDES disse ontem que a orientação do governo é “manter o pé do acelerador”. Como exemplo, afirmou que é necessário financiar a exportação de usinas completas de etanol e alavancar o setor de petróleo e gás. As linhas em instituições financeiras multilaterais são vinculadas a determinados objetivos e não poderão garantir a expansão do apoio internacional do banco. O US$ 1 bilhão aprovado no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) será para o crédito de pequenas empresas, No caso do Banco Mundial, os estudos vão na direção de financiar os setores da infra-estrutura.

Coutinho admitiu que há custo fiscal para manter e ampliar as reservas internacionais, mas disse que ele está “minguando”. “É oneroso, mas o país está melhor com US$ 175 bilhões nas reservas”, confirmou.

Nas captações para esse fundo no exterior, o presidente do BNDES comentou que o Banco Central poderá operar em nome do Tesouro, mas a autoridade monetária vai continuar “enxugando” o mercado de câmbio para não derrubar mais o dólar.

No ano passado, o BNDES aplicou US$ 6,5 bilhões em operações de crédito internacionais, mas elas tiveram fontes domésticas, sendo que o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) é a principal delas. (Fonte: Valor Econômico/Arnaldo Galvão, de Brasília)

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