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Bird deve comprar projetos com uso de biomassa

O Banco Mundial, um dos maiores compradores de créditos de carbono no Brasil, deve fechar os próximos contratos em projetos relacionados à biomassa.

Estão em estudo pelo Bird os projetos de co-geração de energia elétrica utilizando bagaço de cana da s usinas Alta Mogiana e Guarani e o programa de co-geração de energia usando resíduos de madeira da Tractebel Energia.

O Banco Mundial analisa, ainda, um projeto de uso de energia eólica para irrigação no interior nordestino coordenado pelo Winrock International. Segundo Werner Kornexl, economista ambiental do escritório do Bird no Brasil, esse projeto está em fase inicial, mas interessa à instituição porque tem potencial de replicação para os demais Estados do Nordeste.

“Nesse programa o mais interessante é o impacto social, com fornecimento de água potável para várias comunidades e redução da pobreza”, diz. O potencial de venda de créditos de carbono ficará, nesse projeto, por conta da substituição do óleo diesel pela energia eólica no bombeamento de água.

Até agora, o Banco Mundial comprou créditos de dois projetos desenvolvidos no país: o Plantar, que substitui o carvão mineral pelo vegetal na produção de ferro gusa, e o Nova Gerar, que usa o gás liberado pelos aterros sanitários para geração de energia.

Os projetos de co-geração de energia elétrica da Tractebel e da Guarani já possuem cartas de intenção do Bird para compra dos créditos de carbono.

No caso da Tractebel Energia, a instituição poderá comprar 60% dos créditos que o projeto de co-geração deverá gerar, segundo Miroel Wolowski, diretor de comercialização e negócios da empresa.

A Tractebel estima que serão geradas 120 mil toneladas de créditos de carbono ao ano. Instalado em Lajes (RS), o projeto da Tractebel Energia foi implantando em conjunto com madeireiras locais. A queima de madeira fornece vapor para a secagem nas madeireiras e também abastece a turbina a vapor que gera energia elétrica.

Na Guarani, o Bird pretende comprar 100% dos créditos de 57 mil toneladas em redução de emissão de carbono que o projeto da empresa deverá gerar ao ano, diz o diretor de produção da usina, Antonio Alberto Stuchi.

Na Guarani, o bagaço de cana naturalmente produzido na fabricação de açúcar e álcool é usado para co-geração de energia elétrica em Olímpia, interior do Estado de São Paulo.

Para o coordenador-geral de mudanças globais de clima do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), José Domingues Gonzalez Miguez, devem aumentar os projetos relacionados a biomassa com a aprovação da metodologia proposta pela Cia Açucareira Vale do Rosário, num projeto que usa bagaço de cana para a co-geração de energia em Morro Agudo, interior paulista. “Com a primeira metodologia aprovada, o que deve acontecer agora é a replicação.”

Kornexl lembra que a comercialização de créditos de carbono prevista para a primeira fase pelo Protocolo de Kyoto vai somente até 2012. Ainda serão definidas as medidas para depois dessa data.

“Estima-se que as empresas demorem de dois a sete anos do desenho inicial do projeto até a emissão do certificado de redução de emissões de carbono”, diz o economista. “Por isso, as empresas precisam correr contra o relógio”, diz o consultor Marco Antonio Fujihara, da PricewaterhouseCoopers.

Ricardo Esparta, da Ecoinvest, lembra ainda outro prazo: as empresas que quiserem se beneficiar da venda de créditos de carbono pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) em projetos implantados até 18 de novembro de 2004 precisam obter o registro do projeto no Comitê Executivo de Mudanças Climáticas até fim de 2005. O primeiro projeto MDL registrado no mundo foi o brasileiro NovaGerar.

A demora maior, espera Esparta, deve se restringir aos primeiros projetos. Ele lembra que até outubro havia muita dúvida no mercado sobre a ratificação do Protocolo de Kyoto.

“Agora todos sabem que o protocolo entrará em vigor e até a negociação de compra de créditos de carbono está mais rápida”, diz. Esparta diz que algumas negociações demoraram mais de um ano entre a assinatura de uma carta de intenções e o contrato de compra dos créditos de carbono.

“Mas este ano já houve uma negociação que fechou em seis meses.” O consultor lembra, porém, que os prazos de negociação vão depender de cada caso.

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