O presidente-executivo da Biosev, Rui Chammas disse que a próxima entressafra da cana de açúcar será mais curta e está associada a dificuldades climáticas e financeiras do setor no Brasil, com dívidas levando muitos grupos a fecharem as portas, o que reduziu a capacidade do parque industrial da principal região produtora do país.
Já a moagem de alguns grupos industriais nesta safra (15/16) poderia se prolongar até dezembro, em meio à influência do fenômeno climático El Niño, que tem trazido mais chuvas para algumas áreas, impedindo a colheita com solo encharcado.
Mais cana também pode ser deixada nos campos para a moagem no ano que vem. A chamada cana bisada, que sobra da última safra, é a primeira a ser processada, no início da temporada. Oficialmente, o Centro-Sul inicia a moagem em abril, mas muitos grupos já poderiam começar os trabalhos em março.
“E vai ficar cana (da safra 2015/16) no campo, e algumas vão iniciar mais cedo. Por isso também não preocupa a questão de abastecimento do etanol. Vai ter combustível para suprir o mercado. Números mostram que não teremos estresse de oferta”, completou ele, referindo-se às vendas recordes do biocombustível recentemente, com o etanol mais competitivo que a gasolina em importantes regiões consumidoras.
“Existem condições para que a próxima safra seja grande. Ocorreram boas chuvas em momentos, como julho e agora em setembro, que garantem o desenvolvimento da safra”, afirmou Chammas, não deixando claro se a safra será maior ou menor do que a deste ano, cuja moagem deve ficar próxima do recorde de 2013/14, de 597 milhões de toneladas.
Apesar das fortes chuvas na semana passada, que paralisaram os trabalhos da Biosev, o executivo disse acreditar que a companhia cumprirá o guidance de moagem de até 32 milhões de toneladas na safra 2015/16.
Com o tempo seco previsto para esta semana, o CEO da Biosev acredita que a companhia poderá estar com todas as suas 11 unidades funcionando nos próximos dias, assim que o solo secar, para que não haja risco de as colhedoras arrancarem a raiz da cana, danificando a safra seguinte.
A Biosev tem três usinas em Mato Grosso do Sul, cinco em São Paulo, uma em Minas Gerais e duas no Nordeste, no Rio Grande do Norte e Paraíba, onde a safra já começou a ser processada, enquanto no Centro-Sul a moagem está em seu momento de pico.
Segundo ele, apesar das incertezas, o cenário estrutural é positivo para os preços do açúcar, com o mercado global ficando deficitário e concorrentes de usinas brasileiras menos interessadas a vender nos patamares atuais.
Ontem (14), os preços do açúcar no mercado internacional caíram. Em Nova York, a commodity foi negociada a 11,50 centavos de dólar por libra-peso, no vencimento outubro/15. Uma retração de 16 pontos no comparativo com a véspera. No lote março/16, a queda foi de 7 pontos. Na tela maio/16, de 8 pontos. O mesmo aconteceu nos outros vencimentos.
Em Londres, na tela de outubro/15, o recuo foi de 3,50 dólares, com negócios firmados em US$ 342,60 a tonelada. No vencimento dezembro/15, a queda foi de 1,30 dólar. De março a agosto/16, a queda oscilou de 1,70 a 1,80 dólar.
Fonte: (Reuters)