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Biosev encara cenário operacional ainda difícil

Apesar de não ter mais disponível na próxima safra o volume de 1 milhão de toneladas de cana-de-açúcar do canavial da usina São Carlos, vendido para o grupo São Martinho em 2013, e de ter investido 40% menos na renovação de canaviais entre abril e dezembro do ano passado, a Biosev, segundo maior grupo sucroalcooleiro do país, sustenta que poderá elevar sua oferta de cana-de-açúcar e reduzir sua ociosidade industrial na temporada 2014/15.

Rui Chammas, presidente da empresa, reitera que esse é o objetivo, apesar da estiagem que tem reduzido a produtividade da cana em todo o Centro-Sul do país. Na safra que terminará em 31 de março (2013/14), a Biosev, controlada pela francesa Louis Dreyfus Commodities, informou que sua moagem ficará no patamar de 29 milhões de toneladas de cana. Isso significa uma ociosidade de 23,3% de suas unidades industriais, que têm capacidade total para processar 37,9 milhões de toneladas por temporada.

É verdade que essa ociosidade é menor que a de 2012/13 (26,2%), mas segue acima do patamar de 2010/11 (15,7%) e do nível considerado ideal pelo próprio executivo, abaixo de 10%.

Nos nove meses do ciclo 2013/14, a Biosev não fez nenhum aporte em expansão agrícola, ao passo que no mesmo período da safra anterior R$ 25,5 milhões foram investidos nessa frente. Já os investimentos em renovação de áreas de cana no período caíram 40%, para R$ 22,5 milhões. “Não tivemos mudas para plantar em Mato Grosso do Sul por causa da geada e, no trimestre encerrado em dezembro, não plantamos pois ainda estávamos colhendo”, explicou o executivo.

Pesa ainda nessa questão o fato de que certamente haverá novos problemas climáticos no ciclo 2014/15. Na região de Ribeirão Preto e nos municípios mais ao sul do Estado de São Paulo, onde estão as principais usinas do grupo, chove abaixo da média desde outubro do ano passado. Em janeiro, as precipitações foram 71% menores do que a média histórica, segundo a Somar Meteorologia, e em fevereiro, estão até agora 85% menores. Rui Chammas disse que ainda não tem um cálculo preciso sobre as perdas provocadas pela seca e que equipes da companhia estão em campo fazendo essa avaliação.

Há três meses no cargo, o executivo é o terceiro presidente da Biosev em dois anos. Ele assumiu o cargo num momento em que a companhia era penalizada com prejuízos elevados e desempenho operacional largamente afetado por problemas climáticos em 2013 – geadas nas usinas em Mato Grosso do Sul e estiagem nas do Nordeste.

No período de nove meses encerrados em 31 de dezembro, a empresa registrou prejuízo líquido acumulado de R$ 449,115 milhões, ante perdas de R$ 434 milhões no mesmo período do ciclo passado. O resultado operacional ajustado (com o valor justo dos ativos biológicos, ou seja, dos canaviais) caiu 14% na comparação, para R$ 878 milhões.

O presidente da Biosev reconhece que a companhia não é uma referência operacional em todas as usinas de cana que administra. Afirma, no entanto, que a Biosev está adotando uma série de medidas para elevar seu desempenho nessa frente. Entre elas estão o plantio alternado de cana e o uso de GPS nas lavouras.

Desde que comprou os ativos da Santelisa Vale, em outubro de 2009, a companhia vem registrando desempenhos operacionais abaixo das médias apuradas no Centro-Sul, onde está 92% de sua capacidade instalada. No caso do teor de açúcar na cana (ATR), por exemplo, a empresa nunca conseguiu superar a média da região. Em 2013/14, esse indicador atingiu o menor nível desde a safra 2010/11 (124,9 quilos de ATR por tonelada), 6,3% abaixo da média regional (133,4 quilos). Em torno de 70% da capacidade da Biosev está nas terras mais nobres de São Paulo.

As ações da companhia estão sendo negociadas na BM&FBovespa a R$ 9 – 40% abaixo do valor de R$ 15 por ação da oferta inicial de ações, em abril de 2013. Na operação de abertura de capital, a Dreyfus emitiu opções de venda das ações com vencimento em julho deste ano que, se exercidas, vão gerar um desembolso da ordem de R$ 600 milhões por parte da controladora. Como a ação segue abaixo do preço de exercício da opção, que é R$ 16,57, a tendência é que todos os detentores da opção exerçam o direito de venda da ação. “A questão da opção não afeta em nada a Biosev”, afirma Chammas.

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