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Bioenergia anima e muda o agronegócio

A acelerada busca por energia proveniente da agricultura vai mudar a estrutura agrícola mundial nos próximos anos. E o Brasil é o país que mais deve ganhar com a mudança, trazendo novo alento ao combalido agronegócio do país.

E deve ganhar tanto como produtor de bioenergia como de grãos, já que a nova corrida deve abrir maior espaço para a cana-de-açúcar, a soja e o milho nacionais. Esse avanço da bioenergia será benéfico também para a agricultura dos EUA.

No Brasil, a redescoberta do álcool, com a chegada dos carros bicombustíveis, permite que a cana avance sobre outras culturas tradicionais, como o café e a laranja. Esses três produtos praticamente disputam o mesmo espaço no Estado de São Paulo, que detém grande importância nesses setores.

“Essa febre por agroenergia traz um novo modelo agrícola”, diz Fernando Muraro, diretor da Agência Rural, de Curitiba. Já nos EUA, “há o ressurgimento de uma economia agrícola baseada em uma nova industrialização: a do etanol”, afirma.

Os EUA vivem “uma nova corrida do ouro”, mas desta vez em busca de etanol, produzido à base de milho, mostra estudo do especialista em agricultura Chris Hurt, economista da Universidade Purdue, de Indiana. Nos EUA, o milho vai ganhar espaço cedido pela soja e, em menor parte, pelo trigo.

Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), diz que essa busca pela energia alternativa “dá origem a uma nova agricultura, mas com crescimento veloz”. No Brasil, esse crescimento tem como suporte a cana e se dá à velocidade de 10% a 12% ao ano. Nos EUA, onde o suporte é o milho, a evolução é de 20% a 25% por ano.

Preços em alta

Um dos primeiros reflexos dessa nova conjuntura agrícola é a elevação dos preços das commodities, como álcool, milho e óleo de soja.

Se os preços do petróleo se mantiverem elevados, o desvio do milho para a produção de combustível sempre será um atrativo. O mesmo ocorre com a soja, embora a tecnologia de aproveitamento da oleaginosa como combustível, via biodiesel, ainda esteja atrasada em relação ao etanol.

Se esse cenário anima os produtores de grãos, deixa apreensivos os de carne, grandes usuários desses produtos. Seguramente, a cadeia de produção de proteínas não teria cacife para concorrer com os combustíveis em um cenário de continuidade de alta do petróleo.

Os preços já estão em alta. O contrato de milho de setembro está em US$ 2,51 por bushel em Chicago. O de setembro de 2008 já indica US$ 3,26.

Algumas análises indicam que a indústria de etanol poderia pagar, no futuro, até US$ 7 por bushel de milho se o petróleo continuar subindo.

Nesse rearranjo da economia mundial agrícola, o Brasil só tem a ganhar nos setores de cana-de-açúcar, soja e até com o esquecido milho. Além da importância interna maior que o álcool começa a ter, há um acelerado aumento da demanda externa. O Brasil é o país com maior capacidade produtiva para abastecer esses mercados.

Nos EUA, o espaço dedicado à agricultura já está definido e não há novas fronteiras para avançar. Para produzir mais milho, os americanos vão reduzir a área plantada com soja, deixando espaço para o Brasil.

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