A Bioenergética Aroeira em parceria com a Agrion, construirá em sua unidade de Tupaciguara -MG, uma planta de adubos organominerais, fabricados a partir da torta de filtro.
A usina já usa adubos organominerais em suas lavouras produzidos com sua torta de filtro, mas atualmente a empresa tem que transportar o resíduo até as fabricantes do fertilizante, a mais de 100 quilômetros, para depois voltar com o produto pronto.
Com a nova planta, a Aroeira ganhará eficiência na logística, ampliará a aplicação em seus canaviais e ingressará em um novo mercado. Pelo acordo de dez anos, firmado entre as companhias, a fábrica de fertilizante organomineral também venderá adubos aos produtores rurais da região, e a Aroeira terá direito a parte das receitas.
Segundo o diretor-presidente da Aroeira, Gabriel Feres Junqueira, “a entrada da Aroeira nesse projeto tem como o objetivo aumentar a produtividade de seus canaviais de forma eficiente e alinhada com a tendência de aproveitamento total dos resíduos orgânicos gerados da produção de açúcar e etanol”.
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O investimento para a construção da fábrica, avaliado em R$ 23 milhões, será financiado com CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) já emitidos pela Agrion sob a coordenação da EQI Investimentos.
A estimativa é que a fábrica produza 25 mil toneladas de adubo organomineral por ano. Parte desse volume já está garantido para a Aroeira, que a aplicará em todos os seus 40 mil hectares de canaviais, entre áreas próprias e de fornecedores. Atualmente, a Aroeira usa vinhaça em metade da área, aplica adubo organomineral em 30% das lavouras, e complementa com aplicação de fertilizante mineral convencional.
De acordo com especialistas, são muitas as vantagens do insumo organomineral em relação ao convencional, entre elas, estão seu efeito de recuperação da fertilidade do solo, por causa do composto orgânico, e sua capacidade de fornecer os fertilizantes minerais de forma escalonada, evitando perdas do insumo no solo, além de melhorar a produtividade agrícola. De acordo com Junqueira, a Aroeira espera que sua produtividade cresça ao menos 10%.
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A nova fábrica, a primeira da Agrion, deve entrar em operação a partir de 2024. Segundo o CEO da Agrion, Ernani K. Judice, trata-se de um modelo de negócio inovador. “Que objetiva oferecer um fertilizante que aumenta a produtividade agrícola e reduz os impactos ambientais, de forma mais eficiente e viável, levando a produção para dentro das usinas, onde é gerada nossa matéria orgânica proveniente do processo de filtragem do caldo de cana (torta de filtro)”, disse Judice, que planeja parcerias similares com outras usinas.
Nesta negociação, a DATAGRO atuou como assessora financeira da Agrion na estruturação de um Project Finance para a implantação da fábrica. Segundo a consultoria, foi feita a emissão de um CRA no valor de R$ 28.000.000,00, com lastro de contrato de fornecimento firmado entre a Agrion e a Aroeira.
“O modelo de negócios da Agrion é de implantar fábricas de produção de fertilizante organomineral, descentralizadas, dentro do site ou próximo às usinas sucroenergéticas, com processos otimizados, reduzindo os custos operacionais. Os fertilizantes produzidos são consumidos pela própria usina, seus fornecedores de cana e o excedente é vendido no mercado local”, explica a DATAGRO.
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De acordo com a consultoria, a Agrion possui memorandos de entendimento firmados com usinas do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás e Pernambuco para implantação das novas fábricas.