Bioeletricidade esbarra na falta de incentivo do governo federal, explica consultor
Das aproximadamente 400 unidades de produção sucroenergéticas ainda ativas, apenas 170 têm capacidade de geração de bioeletricidade excedente, com térmicas ainda abaixo do potencial total existente. A afirmação é de Onório Kitayama, consultor da Nascon Agroenergia, ao enfatizar que o setor tem um grande potencial de geração, que esbarra na falta de conhecimento ou de vontade de aproveitamento do governo federal.
“Isso ocorre porque esse governo coloca como diretriz prioritária a modicidade tarifária, na compra de energia elétrica nos leilões. Se essa política ou diretriz é mais do que acertada, a sua análise e aplicação deve ser correta, e aí que surge todo o problema. A modicidade tarifária vale no preço da energia elétrica no leilão do mercado regulado ou no preço da energia no relógio do consumidor? Como hoje é considerado no preço praticado no leilão, a bioeletricidade perde para a hidroeletricidade e a energia eolica. Mas deveria ser considerado os custos de logística, o valor da complementaridade e da segurança para o sistema de abastecimento, o custo do acionamento das térmicas caras e sujas em relação aos preços da bioeletricidade. Também deveriam ser considerados o efeito sinérgico da geração de bioeletricidade, com a produção de açúcar e etanol e todas as demais externalidades positivas como a movimentação das economias de insumos (fertilizantes e defensivos agrícolas), indústria de tratores, equipamentos, caminhões, automóveis e fabricantes fornecedores de usinas), geração de empregos diretos e indiretos, impacto social positivo com fixação de trabalhadores no interior, reduzindo migrações para grandes centros, etc”, revela.
O Plano Decenal de Energia da EPE, mostra que para 2025, o país precisa aumentar a produção de etanol, e para isto precisa de novas unidades de produção e mais de 1 milhão de toneladas de cana, daria para instalar 22.000 MW de bioeletricidade, segundo o consultor. “Hoje com as atuais políticas ou falta de políticas públicas para o setor sucroenergético essas premissas não são factíveis. A volta da CIDE para mudar a política de preços dos combustíveis e uma política que viabilize a venda da bioeletricidade dos projetos “greenfield”é o mínimo necessário para motivar novos empresários para o setor”, finaliza.