Cogeração

Bioeletricidade da cana evita emissão de 3,8 milhões de toneladas de CO2

Dado se refere ao período de janeiro a julho de 2020

Foto: Arquivo/Procana
Foto: Arquivo/Procana

A bioeletricidade ofertada para a rede pelo setor sucroenergético foi 11.339 GWh de janeiro a julho de 2020, o que representou uma alta de 4% em relação à igual período em 2019 e 79% da geração da bioeletricidade em geral no período, conforme levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), a partir de dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

“Estima-se que essa energia renovável de 11.339 GWh tenha evitado a emissão de 3,8 milhões de toneladas de CO2, marca que somente seria atingida com o cultivo de 27 milhões de árvores nativas ao longo de 20 anos”, explica Zilmar Souza, gerente de Bioeletricidade da UNICA.

Desse total de GWh gerado, 73% foram ofertados entre maio e julho, meses que compõem o período seco para o setor elétrico brasileiro.

Trata-se de uma geração equivalente a ter poupado 8% da energia armazenada sob a forma de água nos reservatórios das hidrelétricas do submercado Sudeste/Centro-Oeste, por conta da maior previsibilidade e disponibilidade da bioeletricidade justamente no período seco e crítico para o setor elétrico brasileiro.

A oferta de bioeletricidade em geral para o sistema nacional foi de 17.443 GWh de janeiro a agosto deste ano, representando um aumento de 4% em relação a igual período em 2019. Volume equivalente a atender 10,4% do consumo industrial de energia elétrica do país durante todo o ano passado ou 9 milhões de unidades residenciais.

Apenas no mês de agosto/20, a bioeletricidade ofertada para o SIN foi de 3.159 GWh. Embora represente uma queda de 9% em relação a agosto de 2019, essa geração renovável foi quase 7 vezes superior à geração pelo carvão mineral no último mês e 1,4 vez superior à geração total pelas térmicas a gás no país em agosto de 2020.

Produção de bioeletricidade nos últimos anos

Zilmar Souza, gerente de Bioeletricidade da UNICA

Desde 2013, o setor sucroenergético produz bioeletricidade mais para a rede do que para o consumo próprio. A geração de bioeletricidade sucroenergética acumulada nos últimos 10 anos seria equivalente ao consumo anual somado de energia das Regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste do país.

Segundo a EPE (2020), dentre as 366 usinas de açúcar e etanol em operação em 2019, 220 comercializaram eletricidade (60% do total de usinas), oito usinas a mais do que no ano anterior. Dessa forma, havia um total de 146 usinas que ainda não ofertava excedentes de energia elétrica para a rede (40% do total em operação em 2019).

A bioeletricidade sucroenergética ofertada para a rede chegou a crescer 32,5% entre 2012 e 2013. Entre 2016 e 2019, o crescimento médio não passou de 2% ao ano.

Em 2019, a produção de total de bioeletricidade no setor sucroenergético cresceu em 1.392 GWh ou 3,9% em relação a 2018. A oferta para a rede representou um crescimento de 4,3% e a geração para o autoconsumo 3,4% em relação a 2018.

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Na safra sucroenergética 2010/11, cada tonelada de cana-de-açúcar processada resultou em um total de 36 kWh, na “média-Brasil”. Já na safra 2019/20, esse mesmo indicador foi 57,3 kWh por tonelada de cana-de-açúcar processada, representando um crescimento de quase 60% no período decenal para esse indicador.

Atualmente, há 8.996 usinas geradoras em operação no Brasil. 6.506 usinas são geradoras de energia renovável, representando 143.796 MW instalados (82,1% da matriz elétrica).

O bagaço é a fonte de biomassa da cana mais empregada para gerar eletricidade (Foto: Arquivo/JornalCana)

Há 574 usinas geradoras à biomassa totalizando 15.404 MW e 406 usinas térmicas à biomassa no setor sucroenergético (11.747 MW).

A biomassa chegou a representar 32% do crescimento anual da capacidade instalada no país: em 2010 foi instalado um total de 1.750 MW novos pela fonte biomassa. Em 2020, a biomassa já instalou 175 MW novos e deve instalar mais 241 MW até dezembro, totalizando 416 MW de acréscimo à matriz elétrica em 2020 (24% do total instalado em 2010).

Com referência à bioeletricidade da cana, o setor sucroenergético tem 406 usinas termelétricas (UTEs) em operação comercial, detendo hoje 11.747 MW, superando a capacidade instalada na usina Belo Monte. O setor sucroenergético representa em torno de 7% da potência outorgada no Brasil e 76% da fonte biomassa em geral.

Somente cinco Estados detêm 88% da capacidade instalada pela fonte biomassa no setor sucroenergético: São Paulo detém 51% da capacidade instalada com 204 usinas termelétricas (UTEs), seguido por Goiás (12% da capacidade instalada) com 32 UTEs, Minas Gerais (12%) com 46 UTEs, Mato Grosso do Sul (9%) com 22 UTES e Paraná (4%) com 27 UTEs.