O conjunto de atividades que representam a Bioeconomia brasileira registrou US$ 162,6 bilhões em exportações no ano passado.
Esse valor é muito superior ao total das importações US$ 37,9 bilhões, gerando um saldo comercial positivo de US$ 124,7 bilhões, um crescimento de 49,4% frente ao saldo de comércio registrado ao final de 2021 (US$ 83,4 bilhões).
Esse crescimento foi a maior variação observada em toda série histórica, com início em 1997. Os dados são do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Diante desse cenário, o estudo também revela que as exportações da Bioeconomia representaram, em 2022, 45,8% das exportações do Brasil, com US$ 162,6 bilhões em um total exportado de US$ 335 bilhões e 13,8% das importações (US$ 37,9 bilhões em um total importado de US$ 272,7 bilhões), resultando em um saldo comercial de US$ 124,7 bilhões, valor muito superior ao saldo de comércio da economia como um todo, que foi de US$ 62,3 bilhões.
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De acordo com um dos coordenadores do estudo o professor André Diz, os resultados representam todo o crescimento e força da Bioeconomia no país. Parte relativa do crescimento da balança comercial da Bioeconomia decorre de fatores estruturais, como a forte competitividade brasileira nas atividades componentes do setor primário (agricultura e pecuária) e insumos da bioindústria (indústria de alimentos e outros setores com insumos de origem vegetal), bem como de fatores relacionados à conjuntura internacional, como a elevação dos preços das commodities em resposta ao conflito Rússia – Ucrânia, entre outros.
Setores
Entre os componentes da Bioeconomia, o setor Primário (composto por 34 atividades (705 produtos) relacionadas à produção agropecuária, que são, por definição, setores com 100% de viés biológico, registrou um saldo positivo no comércio internacional da ordem de US$ 69,4 bilhões; seguido pela Bioindústria (59 atividades, 1.802 produtos, da indústria de base 100% biológica como abate de carnes, refino de açúcar, produção de papel e celulose e biocombustíveis) US$ 63,9 bilhões; e pela Indústria com viés Biológico (51 atividades, 1.683 produtos de origem industrial, onde apenas uma parte da produção conta com origem em insumos de biomassa e biológicos como calçados e artefatos de couro) que teve retração de US$ -8,7 bilhões.
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Esse crescimento de 49,4% no saldo comercial entre 2021 e 2022 refletiu as significativas taxas de crescimento dos setores de Primários (38,6%) e Bioindústria (37,8%), ao passo que a Indústria com viés biológico apresentou uma queda de 33,2% no déficit comercial, que passou de – US$ 13,1 bilhões em 2021 para – US$ 8,7 bilhões em 2022. Portanto, para esse último grupamento, o resultado foi 33,2% melhor do que o observado em 2021, mesmo permanecendo, em valor absoluto, no campo negativo.
Crescimento anual do saldo da balança comercial para Bioeconomia e seus componentes: 2012 a 2022 (%)
O estudo constatou ainda que o desempenho do setor Primário em 2021 ante 2022 foi o melhor resultado desde 2012, representando 55,6% (US$ 69,4 bilhões) do superávit obtido (US$ 124,8 bilhões), ou seja, foi o setor com maior contribuição em termos de crescimento absoluto do valor, uma vez que esse grupamento de atividades econômicas foi responsável por 46,9% (alta de US$ 19,3 bilhões) do crescimento do saldo (aumento de US$ 41,3 bilhões) em bases anuais. Em outas palavras, para cada US$ 1 milhão do saldo da balança comercial, US$ 469 mil tiveram origem no setor Primário.
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Já a Bioindústria, cujo saldo em 2021 para 2022 foi equivalente 51,3%% do saldo total da Bioeconomia (US$ 64 bilhões do saldo total de US$ 124,8), foi responsável por 42,6% do crescimento desse superávit (gerando US$ 17,6 bilhões dos US$ 41,3 bilhões de crescimento em valores absolutos na passagem de 2021 para 2022 da balança comercial da Bioeconomia), sendo responsável por US$ 426 mil de cada US$ 1 milhão obtido no saldo da balança comercial.
Por último, a Indústria com viés biológico foi responsável por 10,6% do crescimento do superávit (via redução do déficit), uma vez que esse setor registrou contração do déficit de -US$ 13,1 bilhões em 2021 para –US$ 8,7 bilhões em 2022, uma participação de -7,0%.
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Metodologia
Pela primeira vez, o Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV) desenvolveu a pesquisa sobre a balança comercial da Bioeconomia no país. Para isso, foram utilizados os dados de exportação de produtos brasileiros coletados na ComexStat, segmentados de acordo com o respectivo grau de utilização de produtos e ou insumos biológicos, seguindo metodologia desenvolvida pelo Observatório da Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas. Para cada grupo de atividades econômicas, foram selecionados os respectivos produtos através de seus respectivos códigos NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul)