Estudo aponta que demanda por biocombustíveis pode quadruplicar até 2050

A demanda global por biocombustíveis pode crescer entre 2,5 e 4 vezes até 2050, dependendo das políticas públicas adotadas pelos países. A projeção consta em estudo conjunto da Bain & Company e Amcham Brasil divulgado em dezembro de 2025.

Mesmo com o avanço da eletrificação, cerca de 44% das emissões do setor de transportes permanecem em segmentos onde soluções elétricas não são viáveis. O que abre espaço para combustíveis como biodiesel, diesel renovável, etanol, biometano e, principalmente, o combustível sustentável de aviação (SAF)

O Brasil aparece em posição estratégica nesse cenário. O país tem potencial para ampliar a produção de biocombustíveis avançados e atender tanto ao mercado interno quanto à demanda internacional. Iniciativas como o RenovaBio, a Lei do Combustível do Futuro e o aumento das misturas obrigatórias de etanol e biodiesel reforçam esse movimento

Custos e barreiras

O estudo alerta, no entanto, para desafios relevantes do lado da oferta. A partir de 2030, pode haver um déficit global de até 20% de matérias-primas. O que exigirá investimentos em novas culturas, aproveitamento de resíduos e rotas tecnológicas alternativas. Sem avanços nesse campo e sem maior previsibilidade regulatória, o custo dos biocombustíveis sustentáveis tende a permanecer acima dos combustíveis fósseis.

O SAF, por exemplo, custa de 2 a 3 vezes mais que o querosene convencional, exigindo incentivos para viabilizar investimentos. A falta de padrões internacionais harmonizados para certificação e cálculo de pegada de carbono dificulta acesso ao mercado global.

Segundo o estudo, políticas públicas consistentes, cooperação internacional e estabilidade regulatória serão determinantes para transformar o potencial dos biocombustíveis em escala real, consolidando o setor como pilar da segurança energética e da descarbonização global