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Biodiesel em fase de testes

Dentro de um ano, fabricantes de veículos a diesel no país deverão saber que tipo de danos e conseqüentes providências precisarão ser tomadas para que a mistura de 5% de biodiesel no óleo diesel, permitida a partir de 2008 e obrigatória em 2013, não prejudique o desempenho dos motores. Os testes começam na primeira frota designada pela Petrobras dentro de um projeto que divide as análises em quatro grupos, separados conforme o sistema de injeção e o tipo de motor. O assunto foi discutido durante o Seminário de Tecnologia de Motores de Combustíveis e Emissões 2005, realizado na capital mineira.

A primeira frota escolhida, de Ribeirão Preto (SP), é de caminhões Volkswagen e Fiat, que usam motores MWM e Fiat com sistema de injeção por bomba rotativa. Os demais grupos, cujos testes deverão ser iniciados em seguida, serão Curitiba, Rio de Janeiro e Salvador. Em Curitiba, caminhões Scania e Volvo usam injeção EUI/UIS (Electronic Unit Injector ou Unit Injector System), um sistema de injeção direta de combustível presente nos veículos e cuja árvore de comando de válvulas está no cabeçote do motor. Em São Paulo, ônibus Mercedes-Benz ganha sistema EUP/UPS, injeção unitária presente nos motores eletrônicos. No Rio de Janeiro e em Salvador (BA), ônibus Volkswagen (motores Cummins e MWM) e picape Ford Ranger (motor International), que usam o sistema Common Rail, uma câmara de injeção de alta pressão com controle eletrônico.

As matérias-primas escolhidas para a produção do combustível para os testes, cuja reação se dará a partir do álcool etílico, são a soja e a mamona. O consultor técnico do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Miguez de Mello (Cenpes) da Petrobras, Carlos Vinícius Costa Massa, explica que a soja foi escolhida por ser um dos produtos que mais problemas pode gerar ao motor, em virtude de ter baixa estabilidade à oxidação, além da facilidade por ser produzida em larga escala no país.

A mamona, por outro lado, tem alta viscosidade, o que pode gerar problemas, principalmente na bomba injetora, causando danos ao sistema. O lado bom é a possibilidade de geração de emprego e renda a pequenos produtores. Em Minas, pode ser plantada em larga escala no Vale do Jequitinhonha, região que necessita de inclusão social. De acordo com Massa, os testes são necessários porque, embora o biodiesel já seja usado em larga escala na Europa, especialmente na Alemanha, no Brasil não se conhece exatamente que danos causará aos motores, devido às plantas, tipicamente brasileiras, e ao álcool etílico (na Europa, o álcool usado é o metanol).

Além disso, faz parte do programa do governo que os fabricantes dos veículos dêem garantia do motor para uso do biodiesel, o que, por enquanto, só foi aceito pelas montadoras para a mistura com 2%, já permitida este ano e obrigatória a partir de 2008. “O programa prevê que o combustível seja usado na frota circulante. Até que se poderia fazer alguma alteração nos motores para resolver o problema da alta viscosidade, por exemplo, mas acredito que isso faria sentido para o uso de 100% de biodiesel, o que não é o caso por enquanto. O que se tem que fazer é adequar a mistura para atender ao diesel já existente”, diz. Além dos testes de campo, que avaliarão o desempenho dos motores com a mistura de 5% de biodiesel no diesel, serão feitas análises em dinamômetro, neste caso, sim, com todos os níveis de mistura, chegando aos 100% de biodiesel.

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