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BIODIESEL EM 2007

Até agora praticamente 90% da produção brasileira de biodiesel foram derivados da soja, mas a partir de fevereiro, com o funcionamento de novas fábricas, a mamona vai entrar em cena, e desse modo o programa começará a cumprir sua função social. É que a mamona será em boa parte fornecida por pequenos produtores do semi-árido do Nordeste, em terras quase desertificadas.

O ciclo de plantio e a colheita da mamona, que são feitos manualmente, duram cerca de 210 dias. É considerada uma cultura ideal para o semi-árido nordestino porque resiste a períodos longos de estiagem (precisa de pouca água — que não pode ser salobra — porém no momento certo para ter uma produtividade razoável) e se adapta a solos arenosos que hoje estão caminhando para a desertificação. Como é uma oleaginosa que não serve para a alimentação humana ou animal, por conter substâncias tóxicas, a área plantada com mamona nunca é usada simultaneamente como pastagem, e assim a terra se recupera, revertendo o processo de desertificação.

Dos 20 milhões de hectares do semi-árido do Nordeste, 7,1 milhões são aproveitados atualmente na agricultura, e acredita-se que, mesmo com baixa produtividade, em 1,5 milhão seria possível se produzir toda a mamona necessária à fabricação de biodiesel numa quantidade para se atingir os 2% de mistura obrigatória no diesel tradicional a partir de 2008, como prevê o programa governamental .

Por enquanto só há uma empresa investindo com disposição nesse programa: a Brasil Ecodiesel, que recentemente abriu seu capital. O principal acionista é um fundo estrangeiro administrado pelo Deutsche Bank, que, por contrato, prefere não se identificar. Mas o projeto é tocado do Brasil, e o sócio minoritário que preside a empresa (Nelson Côrtes Pereira) tem poder de veto na diretoria.

O cartão de visitas da companhia é um projeto de agricultura familiar no sudoeste do Piauí que pode ser considerado exemplo de reforma agrária bem-sucedida (as propriedades são distribuídas em uma espécie de comodato, sem coletivização, e depois de dez anos a titularidade passa para o colono).

Na fabricação de biodiesel é possível se aproveitar inclusive a torta de mamona, que só teria utilidade como adubo em culturas inexistentes no Nordeste. A torta é queimada para geração de calor durante o processo industrial.

Além da mamona, o pinhão manso também servirá de matéria-prima para o biodiesel. Embora os incentivos fiscais do programa do biodiesel sejam maiores para a produção no Nordeste, ele se estende a outros estados do Brasil. No Estado do Rio (mais precisamente no município de Rio das Flores), uma usina será instalada com o propósito de usar o pinhão manso. No Rio Grande do Sul, uma unidade da Brasil Ecodiesel aproveitará o girassol.

A soja serviu para deslanchar o programa de biodiesel, mas suas cotações voltaram a subir no mercado internacional e daqui para a frente, se for usada como principal matéria-prima, inviabilizará financeiramente os fabricantes. O biodiesel proveniente da mamona também sairá mais caro que o diesel tradicional (pelas cotações atuais do barril de petróleo), mas na bomba o custo ficará imperceptível para o consumidor — um centavo a mais por litro. Em compensação, o aproveitamento do biodiesel reduz em 77% as emissões de gases poluentes, quando comparadas às do diesel tradicional. A soja entrará como complemento, em alguns casos para compor misturas de biodiesel que atendam especificações de outros mercados, diferentes das que foram definidas para o Brasil.

O grande desafio do programa de biodiesel (que prevê um aumento da mistura de 2% para 5%, dentro de alguns anos) é evitar que áreas hoje com plantio voltado para a alimentação sejam ocupadas por essas oleaginosas que não servem para o consumo humano ou animal. No Nordeste, estimula-se o plantio de mamona em áreas tidas como imprestáveis para a agricultura familiar de subsistência, que permite ao sertanejo sobreviver.

O pregão eletrônico para compra de bens ou contratação de serviços não é mais privilégio de empresas gigantes ou de algumas áreas do setor público. A Bolsa Brasileira de Mercadorias (da qual participa a BM&F) organizou um sistema pelo qual qualquer companhia pode recorrer rotineiramente ao pregão eletrônico. Os fornecedores é que arcam com o custo do sistema, pois pagam uma taxa de intermediação que vai de 1,5% (bens permanentes) a 2,5% (bens de consumo) sobre o valor da venda.

Depois que uma empresa é cadastrada, as corretoras saem à cata de fornecedores, pois é por meio delas que os lances são dados, por via eletrônica.

A Bolsa Brasileira de Mercadorias, que tem sede em Brasília, foi originalmente criada apenas para licitações públicas. Como o pregão eletrônico chega a propiciar reduções de custos de 30% nas compras, em média (na área hospitalar já houve um caso de redução de 50%), surgiu a idéia de se estender o sistema às empresas privadas que ainda não tenham o seu próprio mecanismo de compras pela internet.

Atualmente 115 companhias privadas e 210 públicas se beneficiam do pregão eletrônico da Bolsa, movimentando cerca de R$20 milhões por mês

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