Mercado

Biodiesel ajuda Intecnial a dobrar receita

Vencedora da licitação para a construção de três usinas de biodiesel da Petrobras, a Intecnial, de Erechim (RS), terá, em 2007, graças ao negócio, um faturamento de pelo menos R$ 400 milhões, o dobro do previsto para o atual exercício. O contrato com a estatal, no total de R$ 227 milhões, prevê a conclusão das três unidades – em Candeias (BA), Montes Claros (MG) e Quixadá (CE) – até janeiro de 2008. A produção de cada uma das unidades está estimada em 57 milhões de litros por ano.

Especializada em extração de óleos vegetais, a Intecnial projeta um período promissor para os próximos anos com o boom do biodiesel no Brasil. Somente em 2006 já entregou uma indústria-protótipo para a Petrobras testar tecnologias próprias em Guamaré (RN) e está construindo outra usina em Passo Fundo (RS) para a BS Bios.

“Temos mais de 20 propostas em andamento, uma demanda que não teríamos condições de atender”, diz o diretor-presidente da empresa, Jandir Cantele, lembrando que, como os projetos dependem de várias questões como garantia de mercado, aprovação de financiamento e formação da cadeia de fornecedores de matéria-prima, são negócios ainda em maturação. “Nos próximos anos vai ser uma alegria”, prevê.

A Intecnial, que tem como carro-chefe de seus negócios a construção de unidades de esmagamento de soja para extração de óleo, tem ainda vantagens industriais para atender a demanda por usinas de biodiesel. “Estes três projetos para a Petrobras não tomam 20% da nossa capacidade instalada”, observa Cantele, explicando que uma unidade de esmagamento de soja, por exemplo, toma um nível bem maior da força produtiva da companhia.

Para vencer a licitação da Petrobras, o maior negócio já fechado pela empresa gaúcha, a Intecnial apresentou projeto baseado na tecnologia da norte-americana Crown Iron Works, uma das líderes mundiais em engenharia de processamento de sementes e óleos vegetais. O contrato com a estatal prevê que a empresa será responsável pela engenharia do processo, projeto, fabricação, construção civil e montagem eletromecânica de todos os equipamentos. O biodiesel será produzido a partir de soja, algodão, dendê e gordura animal.

A meta já divulgada pela Petrobras é chegar a 2011 com uma produção anual de 855 milhões de litros de biodiesel e, para isso, analisa outros 15 projetos de usinas no País. O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel prevê uma adição compulsória de 2% de biodiesel ao diesel convencional a partir de 2008, mas o percentual pode chegar a 5%, permitindo um crescimento ainda maior de mercado.

Cantele conta que a Intecnial, originalmente ligada ao agronegócio, iniciou há alguns anos um movimento de diversificação dos setores que atendia. “O agronegócio tem altos e baixos e isso poderia comprometer o futuro da empresa”, relata ele, acrescentando que a partir de 2003 a empresa planejou ingressar em segmentos como de celulose e papel, portuário, naval, petroquímica e energias renováveis, setores que hoje estão com boa demanda e compensaram os problemas que viriam a seguir com o agronegócio. “Acertamos o cenário”, comemora o executivo.

Como conseqüência da nova estratégia, a empresa criou a Intecnial Divisão Naval, com a construção de um estaleiro em Itajaí (SC). Segundo Cantele, a empresa já tem a encomenda de sete rebocadores de 250 a 300 toneladas. Para 2007, é esperada a decisão de investir em uma nova fábrica voltada aos segmentos sem ligação com o agronegócio. A unidade deve ser erguida no Sudeste ou no Nordeste. “Nossa fábrica do Sul fica na contramão logística para estas áreas que não têm relação com o agronegócio”, explica.

Banner Revistas Mobile