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Biocombustíveis no Nordeste

Antes mesmo do lançamento do Programa Brasileiro de Biodiesel, alguns empresários privados perceberam o filão negocial embutido no negócio de biocombustíveis e se lançaram à luta. O Programa Brasileiro aponta para algumas metas energéticas, como a adição de biodiesel ao petrodiesel, metas ambientais (redução de emissões) e de emprego e renda no campo. Entretanto, o tema da exportação de biocombustíveis é remetido para ser resolvido pelo mercado.

Pioneirismo

Os empresários privados estão fomentando o estabelecimento de grandes áreas de produção de matéria prima e construindo plantas de processamento de biodiesel no Nordeste, em especial no Piauí, Maranhão e Ceará. Os planos já estavam elaborados quando surgiu a oportunidade de um contrato de longo prazo para fornecimento de biodiesel com a Inglaterra. O fato obrigou a Brasil Ecodiesel a ampliar o projeto de produção e plantio de mamona destinada à produção de biodiesel no Nordeste. De acordo com o novo projeto, a produção vai saltar de 180 mil para 240 mil litros diários, para atender à demanda nacional e de contratos externos. A área plantada de mamona, cujo projeto inicial previa 65 mil hectares nos três estados, vai saltar para 280 mil hectares, o que significa triplicar a área da oleaginosa no Brasil. Os investimentos globais em refinaria e plantio devem somar cerca de R$ 50 milhões.

Maranhão

O Maranhão é, atualmente, o estado mais pobre da Federação. Entretanto, o rojeto de produção de biodiesel no Maranhão será maior que os demais, pelas condições favoráveis do porto do Itaqui (São Luís), de grande calado. Apenas a usina a ser implantada nas proximidades do porto, vai produzir 120 mil litros de biodiesel por dia. A área de mamona a ser plantada no estado também vai ser ampliada, saltando de 15 mil hectares para a 100 mil hectares.

Obras

Os investimentos do projeto iniciaram em 2004, com o plantio de dois mil hectares de mamona. O processo de implantação da refinaria no Maranhão também já está em andamento, aguardando parecer governamental para definição da área a ser utilizada pela fábrica. O início da construção está previsto para o primeiro trimestre de 2005, devendo iniciar a produção comercial no segundo semestre. Nesta primeira fase, com custo estimado de R$ 8 milhões, serão produzidas 60 mil toneladas/dia. Com a expansão, prevista para segundo semestre de 2006, o custo total ficará em R$ 16 milhões.

Piauí e Ceará

O plantio inicial foi de 5.000 hectares de mamona, de um total previsto de 100 mil hectares no Piauí e 80 mil hectares no Ceará. Também está prevista a construção de refinarias nos dois estados, para evitar o trânsito de matéria prima, que encarece o produto final. Com a expansão da demanda, também será diversificada a matéria prima e um dos primeiros candidatos é o babaçu, abundante na região. Outras oleaginosas podem ser incluídas, como o girassol e o dendê irrigado, que serão pesquisados pela Embrapa.

Alcance social

Embora privado, o projeto de produção de biodiesel tem um cunho social de largo alcance. No Maranhão, o plantio de mamona vai ser incentivado também em áreas de assentamentos a serem indicadas pelo governo estadual. A proposta da Brasil Ecodiesel é promover a inclusão da agricultura familiar, que passa a receber pelo trabalho desenvolvido. Cada refinaria vai gerar 60 empregos diretos (com produção de 60 mil litros/dia). Já o plantio de mamona vai envolver cinco mil famílias. Além dos parceiros – pequenos agricultores no interior do Estado – a empresa produtora do biodiesel vai trabalhar com plantios próprios em fazendas no Maranhão, Piauí e Ceará. A implementação deste projeto é um teste crucial para um programa que acena com enormes vantagens econômicas, ambientais, sociais, energéticas, negociais e estratégicas, com peso suficiente para alterar a dinâmica do agronegócio mundial.

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