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Bélgica faz ofensiva com visita real

A Bélgica desencadeou há alguns anos uma ofensiva destinada a aumentar seus intercâmbios com a China, Rússia, Índia e Brasil. A economia brasileira reagiu com morosidade.

É uma das razões para a chegada, amanhã, de uma missão chefiada pelo príncipe herdeiro da pequena monarquia européia. Ele se chama Philippe Leopold Louis Marie, e está acompanhado por 60 executivos que representam 93 empresas. Estarão em São Paulo, Rio e Porto Alegre.

A balança bilateral tem sido sistematicamente favorável ao Brasil. No ano passado, as exportações foram de US$ 1,9 bilhão, e as importações, de US$ 640 milhões.

Mas as vendas brasileiras se concentram em produtos primários como suco de laranja, minério de ferro e pasta química de madeira. Do lado belga, peças para a indústria aeronáutica.

A imagem que os belgas fornecem de si mesmo é ambiciosa. Têm um mercado interno reduzido -só 10 milhões de habitantes, apesar dos US$ 30 mil de renda per capita anual. Mas consideram-se, em razão das facilidades portuárias (como Antuérpia), uma plataforma bem-localizada para que as empresas operem dentro da União Européia.

Há problemas logísticos para desencadear investimentos e negócios. Não há mais ligação aérea direta entre aeroportos brasileiros e Bruxelas, depois da falência da Sabena e da inatividade da Vasp. O Banco do Brasil fechou a agência que mantinha na capital belga.

Se as 47 empresas belgas instaladas no Brasil dialogam com um único governo, para os empresários brasileiros a Bélgica é um país esquisito, em que o governo federal tem poucos poderes. As entidades de fomento são autônomas dentro de cada uma das três regiões lingüísticas -Valônia, de língua francesa, Flandres, de língua holandesa, e Bruxelas, com a presença dos dois idiomas.

As empresas brasileiras com atuação na Bélgica -Vale do Rio Doce, Klabin, Votorantim ou Citrosuco- movimentam-se com familiaridade por esse cipoal de diferentes culturas.

Marc Verwilghen, ministro federal da Economia, Energia e Comércio Exterior, lamenta que o Brasil não seja mais presente em setores de interesse, como a bioenergia gerada pelo álcool, e que não tome a Bélgica como parceira em negociações amplas, como as que envolvem a União Européia.

Mas o que importa agora, para os belgas, é o peso simbólico de deslocar o príncipe herdeiro ao Brasil. Ele é o presidente de honra do Escritório Belga do Comércio Exterior e só participa de quatro missões comerciais ao ano.

Em 1999 ele esteve no Brasil acompanhado de empresários. Mas teve como base de operações a cidade de Salvador. Os resultados de sua missão foram lamentavelmente magros.

O jornalista João Batista Natali viajou à Bélgica a convite do governo local e da Lufthansa.

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