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BB diz que sobram recursos oficiais, mas faltam tomadores

O Banco do Brasil (BB) anunciou a liberação, em janeiro, de R$ 1,4 bilhão da carteira integral de crédito agrícola, de R$ 25,5 bilhões, para custeio e investimento da safra 2004/05. Com isso, subirá para R$ 19 bilhões, o total emprestado entre junho e janeiro. Ao fazer o anúncio, o diretor de agronegócio do banco, Ricardo Conceição, informou que foi prorrogado o prazo de pagamento da parcela vencida de R$ 250 milhões do financiamento do custeio de algodão e trigo. Também foi reservado R$ 2,1 bilhões para auxiliar os agricultores na armazenagem dos grãos, cuja safra é estimada em 132 milhões de toneladas.

A adoção dessas duas medidas leva em conta o impacto negativo da retração nas cotações agrícolas na rentabilidade do agronegócio, o recuo do agricultor nos investimentos e a maior dificuldade na comercialização dos produtos da agropecuária. “O fluxo do investimento não está sendo maior mais por conta do recuo do setor do que por conta da capacidade de atendimento do Banco do Brasil”, afirmou Ricardo Conceição.

O banco esperava emprestar R$ 3,4 bilhões para investimentos até junho, mas recalculou esse valor para R$ 2,7 bilhões. Para atender o plano safra 2004/05, o Banco do Brasil reservou R$ 25,5 bilhões, 24% acima do montante da safra 2003/04. A estimativa de colheita passou de 119 milhões de toneladas de grãos, na safra anterior, para 132 milhões de toneladas na atual. Dos R$ 1,4 bilhão liberados neste mês, R$ 850 milhões vão para custeio e R$ 275 milhões para investimento na agricultura.

Frente às dificuldades de comercialização num período de baixos preços, o diretor de agronegócio do Banco do Brasil e o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ivan Wedekin, informaram que outras fontes de financiamento estão sendo analisadas para assegurar aos produtores apoio para armazenagem.

Um alento é a perspectiva de acréscimo de R$ 400 milhões até junho na destinação dos recursos do setor financeiro ao crédito agrícola. Essa projeção sustenta-se na expansão dos depósitos à vista dos bancos na comparação com anos anteriores. Como há uma exigência de aplicação de 25% do saldo das contas correntes em crédito agrícola, espera-se que o aumento dos depósitos à vista amplie a irrigação do setor financeiro para a estocagem dos grãos.

Frente a um cenário para estes próximos seis meses completamente diferente do primeiro semestre de 2004 – período em que a saca da soja chegou a US$ 10 e o dólar bateu em US$ 3,20 -, Ivan Wedekin salientou que outros produtos tendem a se valorizar.

“Os grãos representam 40% do PIB agrícola e 60% é formado por produtos como café, açúcar e carnes, que estão com preços em alta. Se a soja e o milho estão mais baratos isso tende a favorecer a suinocultura, a avicultura e a pecuária de leite”, disse. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento avaliou que em 2004 o PIB do agronegócio atingirá R$ 538 bilhões, representando quase 33% do PIB nacional.

Sobra de recursos

Ao gerenciar uma carteira agrícola que totaliza 1,4 milhão de operações, Ricardo Conceição, disse acreditar que a menor rentabilidade do produtor não afetará a inadimplência, que fechou entre 1,5% e 2% em 2004. Como nos investimentos a perspectiva é de desaceleração, considera-se que haverá sobra de dinheiro em algumas carteiras de crédito, a exemplo do programa de financiamento de máquinas agrícolas, Moderfrota, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A partir da recém aprovada lei que criou cinco novos títulos de crédito agrícola a serem negociados no mercado de capitais, o Banco do Brasil espera realizar dentro de 30 dias o primeiro leilão de venda de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). O banco possui um estoque entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões em Cédulas de Produto Rural (CPR) para serem negociados nessa nova modalidade de papel financeiro.

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