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Banco Fibra e Usina Moema captam US$ 278 milhões

O empresário Maurilio Biagi Filho, dono da Usina Moema Açúcar e Álcool, que obteve empréstimo de US$ 120 milhões

O Banco Fibra, controlado pela família Steinbruch, vai receber mais uma injeção de recursos da IFC, Internacional Finance Corporation, braço financeiro do Banco Mundial, a segunda deste ano, que pode chegar a US$ 158 milhões. Já a Usina Moema Açúcar e Álcool, de Orindiúva, interior de São Paulo, cujo dono é o conhecido empresário Maurilio Biagi Filho, obteve US$ 120 milhões em empréstimo externo liderado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), pelo Itaú BBA e pelo Rabobank.

Desta vez, a IFC pretende entrar com até US$ 40 milhões para subscrever um papel de renda fixa indexado ao real a ser emitido pelo Fibra. Vai também atuar como credor oficial (“lender of record”) em um empréstimo à instituição financeira brasileira que será distribuído aos bancos comerciais internacionais. A estrutura reduz o risco do empréstimo percebido pelos bancos privados, permitindo alongamento de prazos e redução de custos, pois o Banco Mundial é credor preferencial no caso de uma moratória de um país.

A IFC vai disponibilizar mais US$ 8 milhões em crédito para o Fibra para o hedge de moeda do empréstimo de US$ 100 milhões, ou seja, para o banco realizar a proteção financeira contra a oscilação no câmbio da dívida. A IFC vai buscar aprovação para outros US$ 10 milhões, na forma de participação no capital do Fibra ou de quase capital, para dar suporte às subsidiárias do banco no setor imobiliário e de microfinanças a serem formadas nos próximos 12 a 18 meses, segundo informou a IFC.

O Fibra é controlado pelo Grupo Steinbruch, que detém uma participação de 92,1% no capital da instituição financeira. O grupo – que controla a Companhia Siderúrgica Nacional, a Vicunha Têxtil e a Cegás, uma distribuidora de gás no Ceará – vendeu ainda neste ano 7,9% do capital do Fibra ao IFC, segundo anunciou no final de junho último.

Na época, o Fibra comunicou que havia recebido injeção de US$ 50 milhões da IFC, dos quais US$ 20 milhões foram investidos na forma de capital. Os US$ 30 milhões restantes referem-se a um empréstimo por sete anos. A operação aumentou o patrimônio do Fibra de R$ 480 milhões para cerca de R$ 520 milhões, elevando o índice de Basiléia, que indica a capacidade de alavancagem dos bancos, de 13% para cerca de 16%. O mínimo exigido pelo Banco Central é de 11%. Na época do anúncio, em entrevista ao Valor, o diretor superintendente do Fibra, João Ayres Rabêllo Filho, afirmou que a parceria com a IFC não impede o Fibra de abrir o capital e vender ações no mercado em um prazo que ele calculou em 12 meses, quando o banco estiver “mais encorpado”.

Já a Usina Moema Açúcar e Álcool obteve US$ 120 milhões por meio de um empréstimo sindicalizado, sob a liderança do BID, do Itaú-BBA e do Rabobank. Também participaram o WestLB e o Brazilian American Merchant Bank. “Foi o primeiro financiamento do BID para uma empresa do setor de bioenergia do Brasil e do mundo”, afirmou Leandro Alves, o brasileiro que cuidou da estruturação da operação no BID.

Segundo ele, o forte crescimento da Moema vinha sendo financiado principalmente por dívida de curto e médio prazos. Com o pacote montado pelo BID, a empresa vai melhorar o perfil dessa dívida. O total refinanciado vai passar do prazo médio de 10 meses para 6,6 anos. O BID vai entrar com crédito direto para a empresa de US$ 40 milhões, em meados de agosto, pelo prazo de vencimento em dez anos.

Os bancos privados ficaram com os US$ 80 milhões restantes, que vêm sendo emprestados diretamente à empresa desde abril, sem que o BID atue como “lender of record”. Os bancos privados dispensaram a atuação do BID como credor oficial do empréstimo, pois a operação tem garantias diretas da Usina Moema e também de seus contratos de exportação, que são pagos diretamente fora do país, reduzindo o risco de conversibilidade e de transferência, explica Alves. O prazo de vencimento da parcela dos bancos foi de sete anos. Alves não quis revelar as taxas de juros pagas pela empresa.

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