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Bahia se prepara para ser novo pólo de etanol

Impulsionado por uma parceria com a Petrobras o governo da Bahia planeja dar um salto na produção de álcool, deixando de ser um importador do produto para, em 2013, exportar 4,9 bilhões de litros de álcool. Atualmente o estado produz apenas 90 milhões de litros de álcool, o que corresponde a menos de 20% do seu consumo interno que é de 540 milhões de litros.

“Estamos nos preparando para ser um pólo de etanol. Além de benefícios fiscais, dispomos de terra e logística”, afirma o secretário de Agricultura da Bahia, Geraldo Simões. Ainda segundo o secretário, em 2010 a infra-estrutura local será reforçada com o início do funcionamento da Ferrovia Oeste-Leste.

No dia 5 de dezembro a Secretaria de Agricultura (Seagri) irá assinar dois convênios com a Petrobras. Um deles diz respeito a um acordo de cooperação técnica para atrair investimentos de parceiros que ampliem a produção de etanol no estado. “Nesse protocolo não há valores definidos, mas alguns pontos estão sendo discutidos, como a formação de um preço mínimo e a cooperação nos investimentos em logística”, diz Simões.

De acordo com o superintendente de Agronegócios da Seagri, Eujácio Simões, além do convênio com a Petrobras, que deve elevar a produção atual de 90 milhões de litros para 7 bilhões de litros em 5 anos, prevê-se a execução de cerca de 30 projetos na área de etanol até 2013 na Bahia. “Empresas como Uniálcool, Queiroz Galvão, Toyota e Odebrecht já têm projetos aqui”, afirma. “Teremos a substituição da indústria petroquímica pela alcoolquímica”, completa.

O outro documento que será assinado pela Petrobras irá fomentar o Programa de Bioenergia do estado, com o repasse de R$ 3 milhões da estatal destinado ao governo estadual para serem aplicados na produção de oleaginosas pela agricultura familiar. Estão sendo implantados no estado mais 600 mil hectares para a produção de oleaginosas, e o investimento deverá ser utilizado na compra de equipamentos, insumos e melhoramento de sementes. A Petrobras está construindo sua primeira usina de biodiesel no Município de Candeias, na Bahia. O investimento é de cerca de R$ 80 milhões e a produção pode chegar a 60 milhões de litros por ano.

Pecuária

Simões está em negociação com o Grupo Bertin para que o frigorífico Mafrip, do qual o Grupo tem o controle acionário, se torne o primeiro frigorífico exportador do estado. O frigorífico está localizado na cidade de Itapetinga, na Bahia, e abate cerca de 300 animais por dia mesmo tendo uma capacidade instalada para abater 800 animais por dia, o que, segundo Simões, garante uma escala que viabiliza as exportações. Atualmente a região onde o frigorífico está instalado tem um superávit de 1 milhão de cabeças por ano.

“Vamos trabalhar para atrair frigoríficos. Oferecemos incentivos para instalação de equipamentos industriais e, dependendo da região onde a empresa queira se instalar, estamos dispostos a investir em logística, levando água, estrada, energia elétrica e estreitando a relação com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, ressalta.

Em 2006, o Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia ficou em torno de R$ 100 bilhões, deste montante cerca de um terço foi proveniente da pecuária.

Cacau

A Bahia se prepara para retomar a produção de cacau com o Plano de Aceleração do Desenvolvimento do Agronegócio na Região Cacaueira, o chamado PAC do Cacau.

O valor que será destinado à recuperação da lavoura cacaueira ainda não foi divulgado oficialmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas estima-se que seja da ordem de R$ 2 bilhões, a serem aplicados num período que pode variar de cinco a oito anos.

Além do incentivo à produção, os recursos deverão minimizar a dívida dos produtores de cerca de R$ 800 milhões, além de fomentar também a produção de dendê, pupunha, seringa, flores e frutas, agroindústria e obras de infra-estrutura.

“A prioridade do PAC será resolver a situação bancária do produtor, considerando os juros agiotais que foram cobrados”, diz Simões. Ele afirmou ainda que é o momento de melhorar a infra-estrutura abandonada há 20 anos e agregar valor ao produto.

“Queremos vender chocolate com certificação”, completa. Atualmente há cerca de 32 mil propriedades que produzem cacau na Bahia.

Financiamentos

O Banco do Nordeste deve bater recorde em volume de recursos para o agronegócio. Até o último dia 31 de outubro, o valor já havia chegado a R$ 374 milhões e, na última sexta-feira, e com a assinatura de um convênio com a Associação dos Distribuidores e Atacadistas da Bahia (ASDAB), R$ 20 milhões adicionais foram disponibilizados.

“Este ano o valor total de financiamentos para o agronegócio já é recorde e pode ainda chegar a R$ 500 milhões”, avalia o superintendente do Banco do Nordeste, Nilo Meira Filho.

O Banco do Brasil (BB) também assinou um convênio com a Seagri para divulgação das linhas de crédito do banco junto aos produtores rurais, apoio técnico e aos órgãos de fiscalização. De acordo com o representante da Superintendência de Agronegócios do BB na Bahia, Tarcísio Geroto, o estado é o grande aplicador das Regiões Norte e Nordeste, respondendo por cerca de 70% dos financiamentos. “Este ano estamos ampliando o valor disponível para o financiamento dos pecuaristas, de R$ 90 milhões na safra 2006/07 para R$ 110 milhões na safra atual”, diz Geroto.

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